Do site do PSDB
Governo usa instrumento público a favor de Dilma
Brasília (30) – Apesar de a campanha eleitoral só começar a partir do dia 5 de julho, como estabelece a lei, o governo federal intensificou a utilização de instrumentos públicos para transmitir mensagens de apoio à pré-candidatura à Presidência da República da ex-ministra Dilma Rousseff (PT). Para tucanos, além de recorrente, o desrespeito à legislação é abusivo.
Nesta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a fazer campanha para a candidata petista, em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão. Numa espécie de mensagem subliminar, ele disse que tem só mais oito meses de mandato, mas que o povo brasileiro, "com decisões corretas", saberá manter o modelo atual de governar.
Para a senadora Marisa Serrano (MS), vice-presidente nacional do PSDB, o governo tem colocado os interesses partidários acima da legislação. "Nós estamos vendo o presidente colocar seus interesses acima da lei, não há limites para que eles (Lula e PT) possam fazer suas ações eleitoreiras", criticou. "Esse é mais um exemplo que mostra o descaso com a Justiça", lamentou a senadora.
Na avaliação do deputado Arnaldo Madeira (SP), nunca um presidente da República desrespeitou tanto a legislação como Lula. O tucano criticou o que chamou de "abuso permanente" e lembrou as duas multas aplicadas pela Justiça Eleitoral ao petista por propaganda eleitoral antecipada. "Seu permanente desrespeito à legislação é um estímulo à desobediência das regras de uma forma geral", reprovou Madeira.
Os discursos de campanha fora de época já renderam duas multas contra o presidente. Em março, o ministro Joel Dias aplicou uma sanção no valor de R$ 5 mil. O governo, no entanto, fez piada com a sanção do ministro, ao participar e evento na cidade de Osasco (SP).
Ao mesmo tempo em que Lula, em Osasco, mostrava total desrespeito à Justiça, o TSE julgava outra ação imposta pela oposição. Dessa vez, por quatro votos a três, o plenário do TSE aplicou multa no valor de R$ 10 mil.
O senador Alvaro Dias (PR) defendeu regras transparentes para o período pré-eleitoral, a fim de evitar novos abusos. "Ou nós elaboramos uma legislação definindo o que é pré-campanha, estabelecendo as normas que possam regular a pré-campanha eleitoral, já que não temos no país as eleições primárias, ou então que se cumpra a lei e que se proíba a campanha antecipada. E, sobretudo, que se proíba o uso da máquina pública", explicou.
Para ele, em função das penalidades, o governo agora tenta atuar de forma menos explícita. "É a propaganda indireta. Em vários momentos da fala, ele insinua o continuísmo, faz um apelo ao continuísmo. Isso, nas entrelinhas, é proselitismo", concluiu.
Agência Tucana
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Gente que Mente está bombando graças ao PT .
Mais um tiro no pé dos petralhas,"especialistas" em web.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (30), o Diretório Nacional do PT afirma que vai processar o PSDB pela criação do site gentequemente.org.br.
A notícia rastreou como pólvora e está fazendo o site ser super acessado.
Ponto pra Serra.
O Brasil pode mais!!!
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Dilma Bengell continua rendendo... críticas
Artigo Ruy Castro, na Folha desta quarta, replicado pelo Polibio Braga e aqui
Penetra na passeata
RIO DE JANEIRO - Há dois anos, quando o fotógrafo Evandro Teixeira lançou seu livro "Destinos - 1968-2008", de fotos da Passeata dos Cem Mil, no Rio, contra a ditadura, uma diversão dos veteranos daquele tempo foi a de se procurar em meio à massa humana nas lentes de Evandro.Não era impossível à pessoa se achar.
Bastava se lembrar de perto de qual faixa ou grupo (artistas, intelectuais, padres, bancários, estudantes) havia marchado na passeata e, com sorte, se localizaria de jeans, camisa da Marinha, minissaia xadrez ou terninho da Ducal na superampliação dramaticamente granulada, quase "flou". Só uma coisa era obrigatória para sair na foto: ter estado lá.Naquela tarde de 26 de junho de 1968, a jovem Dilma Rousseff estava em Belo Horizonte, em alguma assembleia estudantil ou, quem sabe, confiscando rolhas num armazém para atirar sob as patas dos cavalos da PM numa manifestação "para valer" -não num passeio consentido e sem risco pela avenida, como o chamou na época a esquerda mais cascuda, de que ela fazia parte.
Ou seja, Dilma não estava na Passeata dos Cem Mil, nem de mãos dadas com as atrizes Tonia Carrero, Eva Wilma, Odette Lara e Ruth Escobar, como seu site oficial insinuou ao intercalar um close de Norma Bengell na passeata entre duas fotos da candidata -tudo isso sob o título "Minha Vida". Como se a mulher de cabelo curtinho e rosto decidido fosse Dilma.Bem, não era. Era Norma Bengell, de mãos dadas com as colegas e com suas pernas longas e douradas saindo do vestido também curto, como mostra a foto completa. O
site de Dilma quis ser mais esperto que o gato e, ao se ver pego na mentira, tentou passar a bola para quem "interpretou a montagem equivocadamente". Mas não há equívoco. Há ignorância ou má-fé. Talvez ambas.
Penetra na passeata
RIO DE JANEIRO - Há dois anos, quando o fotógrafo Evandro Teixeira lançou seu livro "Destinos - 1968-2008", de fotos da Passeata dos Cem Mil, no Rio, contra a ditadura, uma diversão dos veteranos daquele tempo foi a de se procurar em meio à massa humana nas lentes de Evandro.Não era impossível à pessoa se achar.
Bastava se lembrar de perto de qual faixa ou grupo (artistas, intelectuais, padres, bancários, estudantes) havia marchado na passeata e, com sorte, se localizaria de jeans, camisa da Marinha, minissaia xadrez ou terninho da Ducal na superampliação dramaticamente granulada, quase "flou". Só uma coisa era obrigatória para sair na foto: ter estado lá.Naquela tarde de 26 de junho de 1968, a jovem Dilma Rousseff estava em Belo Horizonte, em alguma assembleia estudantil ou, quem sabe, confiscando rolhas num armazém para atirar sob as patas dos cavalos da PM numa manifestação "para valer" -não num passeio consentido e sem risco pela avenida, como o chamou na época a esquerda mais cascuda, de que ela fazia parte.
Ou seja, Dilma não estava na Passeata dos Cem Mil, nem de mãos dadas com as atrizes Tonia Carrero, Eva Wilma, Odette Lara e Ruth Escobar, como seu site oficial insinuou ao intercalar um close de Norma Bengell na passeata entre duas fotos da candidata -tudo isso sob o título "Minha Vida". Como se a mulher de cabelo curtinho e rosto decidido fosse Dilma.Bem, não era. Era Norma Bengell, de mãos dadas com as colegas e com suas pernas longas e douradas saindo do vestido também curto, como mostra a foto completa. O
site de Dilma quis ser mais esperto que o gato e, ao se ver pego na mentira, tentou passar a bola para quem "interpretou a montagem equivocadamente". Mas não há equívoco. Há ignorância ou má-fé. Talvez ambas.
PP não vai apoiar Dilma oficialmente. No RS, PP É Yeda
Reunião da executiva nacional o PP na manhã desta quarta (28) decidiu não apoiar oficialmente a candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff (PT), apesar de o partido ser da base aliada do governo Lula. O partido disse preferir priorizar alianças estaduais e não se comprometer a uma coligação nacional
A coligação do PP com o PSDB, no RS.
A coligação PSDB-PPS-PP do RS terá a seguinte conformação:
Coligação – Governo, PSDB, Yeda Crusius/Vice-governador, Vilson Covatti, Otomar Vivian ou José Machado, todos do PP/ Senado, PP, Ana Amélia; Vicente Bogo, PSDB, ou alguém do PPS/ Deputados Federais. Sem coligação – Deputados Estaduais.
. Caso o PP ofereça três nomes para que entre eles Yeda escolha o seu vice, ela optará por Otomar Vivian, seu ex-chefe da Casa Civil.
. O PP acha que Yeda vencerá as eleições ou dará muito trabalho. A pesquisa que encomendou ao Index, segundo leitura dos principais dirigentes do Partido, diz o seguinte:
1) as intenções de votos ainda são baixas (10%), mas tem viés de alta;
2) o viés é de alta, porque melhorou muito a avaliação do governo e o efeito de transferência ocorre neste momento;
3) A rejeição despencou e irá a índices toleráveis tão logo Yeda demonstre com mais vigor a decisão de disputar para ganhar, o que só ocorrerá caso se licencie do cargo, não repetindo o erro que cometeu Rigotto.
. Com a aliança, o ex-governador José Serra terá definido seu primeiro palanque no RS, no caso o palanque PSDB-PPS-PP, porque o PP também anunciará sua decisão de fechar com a candidatura do tucano de São Paulo. Nesta quarta, o PP nacional deu autonomia para que cada diretório decida como quiser.
by Polibio Braga
A coligação do PP com o PSDB, no RS.
A coligação PSDB-PPS-PP do RS terá a seguinte conformação:
Coligação – Governo, PSDB, Yeda Crusius/Vice-governador, Vilson Covatti, Otomar Vivian ou José Machado, todos do PP/ Senado, PP, Ana Amélia; Vicente Bogo, PSDB, ou alguém do PPS/ Deputados Federais. Sem coligação – Deputados Estaduais.
. Caso o PP ofereça três nomes para que entre eles Yeda escolha o seu vice, ela optará por Otomar Vivian, seu ex-chefe da Casa Civil.
. O PP acha que Yeda vencerá as eleições ou dará muito trabalho. A pesquisa que encomendou ao Index, segundo leitura dos principais dirigentes do Partido, diz o seguinte:
1) as intenções de votos ainda são baixas (10%), mas tem viés de alta;
2) o viés é de alta, porque melhorou muito a avaliação do governo e o efeito de transferência ocorre neste momento;
3) A rejeição despencou e irá a índices toleráveis tão logo Yeda demonstre com mais vigor a decisão de disputar para ganhar, o que só ocorrerá caso se licencie do cargo, não repetindo o erro que cometeu Rigotto.
. Com a aliança, o ex-governador José Serra terá definido seu primeiro palanque no RS, no caso o palanque PSDB-PPS-PP, porque o PP também anunciará sua decisão de fechar com a candidatura do tucano de São Paulo. Nesta quarta, o PP nacional deu autonomia para que cada diretório decida como quiser.
by Polibio Braga
Turma do sítio de dona Dilma bota pra quebrar
José Nêumanne - O Estado de S.Paulo
Chegaram ao noticiário político os primeiros sinais de que o sítio na internet para divulgar a candidatura oficial da ex-chefe da Casa Civil do governo Lula da Silva Dilma Rousseff (www.dilmanaweb.com.br), anunciado com espalhafato, está aí mesmo é para protagonizar, e não meramente para figurar na campanha presidencial. E, a exemplo de como bradava o Velho Guerreiro Abelardo Barbosa, o Chacrinha, não veio propriamente para explicar, mas, sim, para confundir.
O primeiro indício nesse sentido foi dado por ocasião do lançamento, na revista semanal da televisão Fantástico, da campanha publicitária do 45.º aniversário da Rede Globo. Uma demonstração de que a função da equipe que administra esse endereço eletrônico é disparar contra adversários e inflar a petista foi a acusação de que a monopolista de audiência no meio de comunicação mais popular entre as massas fazia propaganda subliminar do tucano José Serra. Isso porque o total de anos de existência que a Globo completa coincide com o número que o eleitor que quiser sufragá-lo digitará na urna eletrônica. O exagero parece semelhante ao PSDB pedir que o treinador de futebol Zagallo seja proibido de manifestar sua predileção supersticiosa pelo número 13, pública e notoriamente coincidente com o da candidata do PT. Ou ainda que a torcida do 13 Futebol Clube, de Campina Grande, Paraíba, seja emudecida à força em anos eleitorais - no Brasil, de dois em dois. Mas logo o aparente absurdo se dissolveria, já que, numa demonstração de que quem tem concessão precária de um negócio bom e poderoso como televisão, dependendo dos humores dos governantes, tem, sim, medo de ser feliz, a Vênus Platinada mandou para o lixo a campanha e deixou até de servir o bolo de aniversário.
Ainda ecoava nos meios de comunicação a estupefação de alguns inconformados com a intrusão de Franz Kafka em nossa eleição quando a turma do sítio de dona Dilma botou pra quebrar de novo. Ao mesmo tempo que o ex-áulico de Lula Ciro Gomes atira com sua metralhadora giratória na favorita dele, notificando a escassez de seus méritos biográficos, o que não a legitimaria na disputa do cargo mais poderoso da República, os solertes companheiros da célula cibernética decidiram "refundar" a biografia da candidata. Petistas têm notória predileção por esse verbo, na ilusão de que ele, tendo mandado a lógica aristotélica às favas, signifique fundar uma vez mais, o que nunca seria possível. No entanto, como o termo significa apenas e tão-somente afundar mais, fica a permanente impressão enviesada pelo distinto público de que Tarso Genro pretendia aprofundar o partido quando se candidatou a presidente e o governador da Bahia, Jaques Wagner, acusou o presidente da República de torná-la cada dia mais funda. E, nessa "refundação" (essa palavra, como lembra o escritor Alex Solomon, não está registrada no dicionário), enfiaram uma foto da atriz Norma Bengell numa passeata de protesto contra a ditadura entre flagrantes de Dilma menina e Dilma mulher.
Foi aí que a turma do sítio, pilhada em flagrante delito, "refundou" o passado sem brilho da candidata ao tentar fazê-la alçar voo. E terminou acusada de copiar titio Josef Stalin, que costumava eliminar ex-camaradas caídos em desgraça dos verbetes das enciclopédias, dos parágrafos dos livros de história e até das fotografias dos momentos históricos da gloriosa Revolução Soviética de 1917. Oh, que pena! O palpite, contudo, é tão infeliz quanto a tentativa de fazer passar a ainda então belíssima estrela de Os cafajestes pela ilustre prócer no viço da juventude. O "guia genial dos povos" eliminava fisicamente os inimigos e os excluía até das fotografias (não necessariamente nessa ordem). Já a travessa turma do sítio de dona Dilma tentou adaptar a História do Brasil às conveniências de sua campanha para aprimorar os méritos pretéritos da mesma. Só conseguiu, porém, chamar a atenção dos adversários e do eleitorado em geral para as fragilidades biográficas da pretendente ao trono.
Em favor da patota urge lembrar que nisso não é única nem singular. Antes, um solerte servidor da então chefe da Casa Civil do governo Lula tentou plantar no currículo acadêmico dela um mestrado que não defendeu e um doutorado que nem sequer cursou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O repórter Luiz Maklouf de Carvalho o pegou na mentira com declarações explícitas da direção da renomada instituição acadêmica. E a que foi mestra sem nunca ter sido reagiu ao flagrante com a desculpa de que não concluiu a dissertação porque estava trabalhando. Sim. E daí?
Tenta-se ainda reescrever o currículo de Dilma no documentário, em cartaz em São Paulo, Utopia e barbárie. Seu diretor é Sílvio Tendler, testemunha de que o presidente teria feito uma "brincadeira" entre amigos ao narrar uma tentativa frustrada de assédio a um companheiro de cela no Dops, lembrada por César Benjamin em artigo publicado na Folha de S.Paulo. No filme, de forma menos subliminar que o número dos anos da Globo, ela depõe sobre a própria atuação na luta armada da esquerda contra a ditadura militar de direita no Brasil. De blusa vermelha, a ex-guerrilheira não relembra um fato heroico, só recita teorias que o ministro da Propaganda da República petista, Franklin Martins, defende com mais clareza. Ele e ela não dizem que lutaram pela democracia, mas garantem que resultou da luta de ambos a irreversível implantação de uma mentalidade libertária no Brasil. Terá sido? Sua qualificação como "economista" no filme parece irônica, porque a exibição do filme coincide com a celebração do 80.º aniversário de Maria da Conceição Tavares, notória mestra dos economistas de esquerda no País.
Fatos refundam um passado que áulicos engajados tentam reconstruir, talvez convictos de que Josef Goebbels tinha de fato razão ao atribuir à mentira insistente foros de verdade absoluta.
Chegaram ao noticiário político os primeiros sinais de que o sítio na internet para divulgar a candidatura oficial da ex-chefe da Casa Civil do governo Lula da Silva Dilma Rousseff (www.dilmanaweb.com.br), anunciado com espalhafato, está aí mesmo é para protagonizar, e não meramente para figurar na campanha presidencial. E, a exemplo de como bradava o Velho Guerreiro Abelardo Barbosa, o Chacrinha, não veio propriamente para explicar, mas, sim, para confundir.
O primeiro indício nesse sentido foi dado por ocasião do lançamento, na revista semanal da televisão Fantástico, da campanha publicitária do 45.º aniversário da Rede Globo. Uma demonstração de que a função da equipe que administra esse endereço eletrônico é disparar contra adversários e inflar a petista foi a acusação de que a monopolista de audiência no meio de comunicação mais popular entre as massas fazia propaganda subliminar do tucano José Serra. Isso porque o total de anos de existência que a Globo completa coincide com o número que o eleitor que quiser sufragá-lo digitará na urna eletrônica. O exagero parece semelhante ao PSDB pedir que o treinador de futebol Zagallo seja proibido de manifestar sua predileção supersticiosa pelo número 13, pública e notoriamente coincidente com o da candidata do PT. Ou ainda que a torcida do 13 Futebol Clube, de Campina Grande, Paraíba, seja emudecida à força em anos eleitorais - no Brasil, de dois em dois. Mas logo o aparente absurdo se dissolveria, já que, numa demonstração de que quem tem concessão precária de um negócio bom e poderoso como televisão, dependendo dos humores dos governantes, tem, sim, medo de ser feliz, a Vênus Platinada mandou para o lixo a campanha e deixou até de servir o bolo de aniversário.
Ainda ecoava nos meios de comunicação a estupefação de alguns inconformados com a intrusão de Franz Kafka em nossa eleição quando a turma do sítio de dona Dilma botou pra quebrar de novo. Ao mesmo tempo que o ex-áulico de Lula Ciro Gomes atira com sua metralhadora giratória na favorita dele, notificando a escassez de seus méritos biográficos, o que não a legitimaria na disputa do cargo mais poderoso da República, os solertes companheiros da célula cibernética decidiram "refundar" a biografia da candidata. Petistas têm notória predileção por esse verbo, na ilusão de que ele, tendo mandado a lógica aristotélica às favas, signifique fundar uma vez mais, o que nunca seria possível. No entanto, como o termo significa apenas e tão-somente afundar mais, fica a permanente impressão enviesada pelo distinto público de que Tarso Genro pretendia aprofundar o partido quando se candidatou a presidente e o governador da Bahia, Jaques Wagner, acusou o presidente da República de torná-la cada dia mais funda. E, nessa "refundação" (essa palavra, como lembra o escritor Alex Solomon, não está registrada no dicionário), enfiaram uma foto da atriz Norma Bengell numa passeata de protesto contra a ditadura entre flagrantes de Dilma menina e Dilma mulher.
Foi aí que a turma do sítio, pilhada em flagrante delito, "refundou" o passado sem brilho da candidata ao tentar fazê-la alçar voo. E terminou acusada de copiar titio Josef Stalin, que costumava eliminar ex-camaradas caídos em desgraça dos verbetes das enciclopédias, dos parágrafos dos livros de história e até das fotografias dos momentos históricos da gloriosa Revolução Soviética de 1917. Oh, que pena! O palpite, contudo, é tão infeliz quanto a tentativa de fazer passar a ainda então belíssima estrela de Os cafajestes pela ilustre prócer no viço da juventude. O "guia genial dos povos" eliminava fisicamente os inimigos e os excluía até das fotografias (não necessariamente nessa ordem). Já a travessa turma do sítio de dona Dilma tentou adaptar a História do Brasil às conveniências de sua campanha para aprimorar os méritos pretéritos da mesma. Só conseguiu, porém, chamar a atenção dos adversários e do eleitorado em geral para as fragilidades biográficas da pretendente ao trono.
Em favor da patota urge lembrar que nisso não é única nem singular. Antes, um solerte servidor da então chefe da Casa Civil do governo Lula tentou plantar no currículo acadêmico dela um mestrado que não defendeu e um doutorado que nem sequer cursou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O repórter Luiz Maklouf de Carvalho o pegou na mentira com declarações explícitas da direção da renomada instituição acadêmica. E a que foi mestra sem nunca ter sido reagiu ao flagrante com a desculpa de que não concluiu a dissertação porque estava trabalhando. Sim. E daí?
Tenta-se ainda reescrever o currículo de Dilma no documentário, em cartaz em São Paulo, Utopia e barbárie. Seu diretor é Sílvio Tendler, testemunha de que o presidente teria feito uma "brincadeira" entre amigos ao narrar uma tentativa frustrada de assédio a um companheiro de cela no Dops, lembrada por César Benjamin em artigo publicado na Folha de S.Paulo. No filme, de forma menos subliminar que o número dos anos da Globo, ela depõe sobre a própria atuação na luta armada da esquerda contra a ditadura militar de direita no Brasil. De blusa vermelha, a ex-guerrilheira não relembra um fato heroico, só recita teorias que o ministro da Propaganda da República petista, Franklin Martins, defende com mais clareza. Ele e ela não dizem que lutaram pela democracia, mas garantem que resultou da luta de ambos a irreversível implantação de uma mentalidade libertária no Brasil. Terá sido? Sua qualificação como "economista" no filme parece irônica, porque a exibição do filme coincide com a celebração do 80.º aniversário de Maria da Conceição Tavares, notória mestra dos economistas de esquerda no País.
Fatos refundam um passado que áulicos engajados tentam reconstruir, talvez convictos de que Josef Goebbels tinha de fato razão ao atribuir à mentira insistente foros de verdade absoluta.
terça-feira, 27 de abril de 2010
Para Dilma, mentir é uma questão menor.
Do Coturno Noturno
Agora mesmo, no twitter, Dilma Rousseff decretou que falsificar a sua biografia é uma questão menor. Que mentir sobre o seu passado é uma questão menor. Que cometer estelionato biográfico é uma questão menor. Que basta que a vítima, devedora dos cofres públicos, pressionada pela fiscalização e pelos tribunais, concorde com o "roubo" da sua imagem, para a questão ficar menor.
É bom que se diga, como prova definitiva da má fé e do mau caratismo, que a foto falsificada estava lá no Blog da Dilma há mais de uma semana. Ninguém corrigiu porque o objetivo era mesmo mistificar, enganar, mentir,mostrar a guerrilheira e terrorista anistiada, que pegou em armas, equiparada a uma artista que apenas lutava por liberdade de expressão. Na falta de uma mísera foto sobre o seu passado obscuro e tenebroso, pois passou a juventude na clandestinidade ou na cadeia, depois buscando um auto-exílio, a solução criativa foi "roubar" a foto de alguém que tivesse alguma semelhança com ela.
Mas tudo isto, agora, segundo Dilma Rousseff, virou uma questão menor. Assim como foi uma questão menor a mentira sistemática em relação ao diploma que ela nunca teve. Ou a mentira sobre agenda que não tinha registro da reunião para defender interesses de um Sarney corrupto, acossado pela Polícia Federal. Ou a mentira sobre a criação de um Dossiê para atacar Dona Ruth Cardoso. Na verdade, o que temos, hoje, é uma candidata menor. Menor de caráter. Menor de biografia. Menor de capacidade.Menor de moral. Menor de tudo. Uma candidata de mentira, que tornou a mentira uma marca pessoal e intransferível.
A candidata Benguell
De Janio de Freitas:
É dif[icil saber qual dos dois atos do site de candidata de Dilma Rousseff é mais trapaceiro e repulsivo.
Fazer uma foto do rosto de Norma Bengell nos seus bons tempos passar por foto de Dilma Rousseff poderia ser apenas ridículo como feito e perverso com a candidata não fosse, acima de tudo, um golpe sórdido.
Atribuir a confusão fotográfica elaborada, como faz uma nota do site desmascarado, a "interpretação equivocada" de quem quis conhecer as mensagens da candidata, é mistura de desonestidade e desfaçatez.
O propósito da baixeza está evidente no cuidado com que foram escolhidas as duas fotos. A de Norma, com o rosto pequeno, sem atrair atenção minuciosa, sob um pedaço de cartaz em passeata contra a ditadura; a de Dilma, o rosto inteiro, recente, não se sabe quanto.
Mas, nas fotos utilizadas, as duas cabeças exatamente na mesma posição, enviesadas. Os cabelos acima da testa com disposição e corte iguais.
O tempo explicaria a infidelidade dos traços da Dilma candidata aos da outrora Dilma manifestante. Ainda mais sabendo-se que a jovem Dilma foi participativa contra a ditadura.
A nota do site não foi seguida de alguma forma de pronunciamento de Dilma Rousseff sobre o que foi feito em nome de sua candidatura.
Caso não se conheçam providências respeitosas com o eleitor, o seu recém-nascido site não é dos que mereçam nem um mínimo de confiança para ser ainda visitado.
Uma situação interessante para a candidata que ambiciona fazer da internet, a exemplo do feito por Barack Obama, um recurso eleitoral eficaz.
É dif[icil saber qual dos dois atos do site de candidata de Dilma Rousseff é mais trapaceiro e repulsivo.
Fazer uma foto do rosto de Norma Bengell nos seus bons tempos passar por foto de Dilma Rousseff poderia ser apenas ridículo como feito e perverso com a candidata não fosse, acima de tudo, um golpe sórdido.
Atribuir a confusão fotográfica elaborada, como faz uma nota do site desmascarado, a "interpretação equivocada" de quem quis conhecer as mensagens da candidata, é mistura de desonestidade e desfaçatez.
O propósito da baixeza está evidente no cuidado com que foram escolhidas as duas fotos. A de Norma, com o rosto pequeno, sem atrair atenção minuciosa, sob um pedaço de cartaz em passeata contra a ditadura; a de Dilma, o rosto inteiro, recente, não se sabe quanto.
Mas, nas fotos utilizadas, as duas cabeças exatamente na mesma posição, enviesadas. Os cabelos acima da testa com disposição e corte iguais.
O tempo explicaria a infidelidade dos traços da Dilma candidata aos da outrora Dilma manifestante. Ainda mais sabendo-se que a jovem Dilma foi participativa contra a ditadura.
A nota do site não foi seguida de alguma forma de pronunciamento de Dilma Rousseff sobre o que foi feito em nome de sua candidatura.
Caso não se conheçam providências respeitosas com o eleitor, o seu recém-nascido site não é dos que mereçam nem um mínimo de confiança para ser ainda visitado.
Uma situação interessante para a candidata que ambiciona fazer da internet, a exemplo do feito por Barack Obama, um recurso eleitoral eficaz.
Artistas faziam passeata, Dilma militava na luta armada
A Folha confirma o que o blog da Dilma quis esconder...
À época da passeata, Dilma morava em Belo Horizonte e militava em organização que pregava a luta armada contra a ditadura militar. Ela havia começado, no ano anterior, o curso de ciências econômicas na Universidade Federal de Minas Gerais e tinha aderido ao Colina (Comando de Libertação Nacional), organização que pregava a instalação de um "governo popular revolucionário".
À época da passeata, Dilma morava em Belo Horizonte e militava em organização que pregava a luta armada contra a ditadura militar. Ela havia começado, no ano anterior, o curso de ciências econômicas na Universidade Federal de Minas Gerais e tinha aderido ao Colina (Comando de Libertação Nacional), organização que pregava a instalação de um "governo popular revolucionário".
domingo, 25 de abril de 2010
Mais uma da Dimentira. Que vergonha!
Postado pelo Coronel e reproduzido pelos 170 Blogs pela Democracia.
É o grande assunto do twitter. Depois que o Lula roubou as palmas do Koffi Anan, na ONU, para aparecer sendo aplaudido na campanha de 2006, agora foi a vez da Dilma Rousseff roubar uma foto da Norma Bengell, para colocar na sua biografia. A Isto É denunciou, não sei quem comprovou e aqui fica o registro. Registro histórico. A mentira tem cabelo curto e não é da Dilma. Será que o cachê da Bengell, beneficiada pela bolsa-ditadura e enrolada com verbas da cultura, foi alto?
..................................................................................
Poucos dias antes do site da Dilma entrar no ar, a atriz Norma Bengell ganhou R$ 100 mil da bolsa-ditadura. Será que o uso da foto fez parte do acordo?
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Greve de professores foi campanha anti-Serra, diz procurador-geral
Na Folha Online. Por SILVIO NAVARRO, do Painel
Parecer da Procuradoria-Geral Eleitoral enviado hoje ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) referenda as denúncias feitas por PSDB e DEM de que a greve organizada pelo sindicato dos professores da rede estadual de São Paulo, em março, teve caráter de "propaganda eleitoral antecipada negativa" contra o pré-candidato tucano à Presidência, José Serra.
PSDB e DEM pedem para TSE multar Apeoesp por pregar "não-voto"
PSDB vai processar sindicato dos professores de SP por uso de estrutura sindical em campanha
Após ação do PSDB, sindicalista diz que Serra não saberá governar o país
"Se Serra é PSDB, por que não posso ser PT?", diz presidente da Apeoesp
"Ao promoverem e financiarem as aludidas manifestações, realizaram uma organizada campanha eleitoral antecipada negativa contra o pré-candidato à Presidência", diz o documento, que leva a assinatura do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
"Greve explicitou fragilidade da educação em SP", diz Apeoesp
Presidente da Apeoesp defende greve e diz que fim do protesto daria vitória a Serra
O texto recomenda ao tribunal a aplicação de multa "no valor máximo" pela "gravidade da conduta" da Apeoesp e sua dirigente, Maria Izabel Azevedo Noronha.
O eixo do parecer é que os discursos e faixas utilizados no protesto não fizeram referência à gestão da administração estadual, e sim "à suposta inaptidão de Serra em ocupar o cargo de presidente". Diz ainda que a categoria (professores) é "extremamente influente" aos eleitores.
A procuradoria também rebate a defesa do sindicato, segundo quem o tucano ainda não era oficialmente candidato à época das manifestações --a candidatura de Serra foi lançada no último dia 10. "Já era veiculado em toda a mídia nacional que José Serra era candidato à Presidência pelo PSDB."
Parecer da Procuradoria-Geral Eleitoral enviado hoje ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) referenda as denúncias feitas por PSDB e DEM de que a greve organizada pelo sindicato dos professores da rede estadual de São Paulo, em março, teve caráter de "propaganda eleitoral antecipada negativa" contra o pré-candidato tucano à Presidência, José Serra.
PSDB e DEM pedem para TSE multar Apeoesp por pregar "não-voto"
PSDB vai processar sindicato dos professores de SP por uso de estrutura sindical em campanha
Após ação do PSDB, sindicalista diz que Serra não saberá governar o país
"Se Serra é PSDB, por que não posso ser PT?", diz presidente da Apeoesp
"Ao promoverem e financiarem as aludidas manifestações, realizaram uma organizada campanha eleitoral antecipada negativa contra o pré-candidato à Presidência", diz o documento, que leva a assinatura do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
"Greve explicitou fragilidade da educação em SP", diz Apeoesp
Presidente da Apeoesp defende greve e diz que fim do protesto daria vitória a Serra
O texto recomenda ao tribunal a aplicação de multa "no valor máximo" pela "gravidade da conduta" da Apeoesp e sua dirigente, Maria Izabel Azevedo Noronha.
O eixo do parecer é que os discursos e faixas utilizados no protesto não fizeram referência à gestão da administração estadual, e sim "à suposta inaptidão de Serra em ocupar o cargo de presidente". Diz ainda que a categoria (professores) é "extremamente influente" aos eleitores.
A procuradoria também rebate a defesa do sindicato, segundo quem o tucano ainda não era oficialmente candidato à época das manifestações --a candidatura de Serra foi lançada no último dia 10. "Já era veiculado em toda a mídia nacional que José Serra era candidato à Presidência pelo PSDB."
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Serra vs. Dilma: três questões antecipam o duelo do ano
Do blog do Augusto Nunes
Raríssimas vezes o eleitorado brasileiro aguardou com tamanha ansiedade a temporada dos debates eleitorais entre os candidatos à presidência da República. Enquanto não começam os duelos transmitidos pela televisão, a coluna vai publicar amostras suficientemente reveladoras para imaginar-se o que vem por aí. O primeiro round revela o que pensam sobre três temas o ex-governador José Serra e a ex-ministra Dilma Rousseff. As respostas foram transcritas sem retoques nem correções de entrevistas e declarações publicadas pela imprensa.
POR QUE SER CANDIDATO À PRESIDÊNCIA
José Serra: Evidentemente, ser ou não presidente não é uma escolha sua, não depende apenas de uma decisão. Mas, desde a primeira adolescência, sempre tive vontade de me envolver na vida pública. Uma coisa que aprendi ao longo das minhas experiências foi descentralizar: formar boas equipes, permitir que os diferentes integrantes tenham liberdade para trabalhar na formação das suas próprias subequipes e também evitar antagonismos. Eu me preparei a vida inteira para ser presidente.
Dilma Rousseff: Por que que eu fui? Eu acho que porque, pelos mesmos motivos que levaram o presidente a me escolher como ministra-chefe da Casa Civil. Porque a ministra-chefe da Casa Civil é o cargo, do ponto de vista político-administrativo, mais importante do governo. Eu acho que esse contato diário que eu tive com o presidente, e que levou que nós estreitássemos… pessoas que trabalham muito tempo perto passam a se entender pelo olhar, né, você tem uma comunicação muito forte. Acho que o presidente confia em mim para que o nosso projeto de país seja um projeto bem sucedido, e essa confiança do presidente em mim faz com que esse desafio que eu tenho pela frente… eu vou honrá-lo, eu vou defender esse projeto, vou garantir que ele avance e isso que eu chamo de uma nova era que nós abrimos no governo Lula, eu vou garantir a continuidade.
O BRASIL EM 2010
Serra: Eu acho que o Brasil avançou muito nos últimos 25 anos. Nós afirmamos uma democracia de massas, com uma Constituição que pode ter os seus problemas, mas que enfatizou como nunca as liberdades civis e políticas. Conseguimos acabar com a superinflação, avançar no combate à pobreza, consolidar o SUS, a inclusão educacional e até retomar o crescimento econômico. Não foi um desempenho brilhante se você o comparar com o da Índia ou o da China, mas foi um desempenho razoável em relação ao dos países desenvolvidos. Agora, isso significa que as coisas estão resolvidas? Não. No que se refere ao crescimento, nós precisamos de infraestrutura. As carências nessa área são dramáticas e representam um gargalo para o nosso desenvolvimento. A essência do meu governo, como orientação para o Brasil, precisa ser a de oferecer uma maior abertura de oportunidades para a população. O povo brasileiro quer é ter oportunidade na vida: estudo, boa saúde, emprego para os jovens, acesso a bens culturais e de lazer. O que o povo brasileiro quer não é muito, é oportunidade.
Dilma: Sabe o que vai ser, vai ser o seguinte, vai ser um governo Lula avançado. Que é um governo Lula avançado? Quando nós começamos, nós começamos do nada. Não tinha projeto, o Brasil não tinha, há anos e anos que não planejava, e havia toda uma demanda também, seria muito grave uma situação do Brasil hoje se nós não tivéssemos feito os programas sociais que nós fizemos, muito grave, porque você teria uma parte muito importante da nossa população sem nenhuma perspectiva, sem futuro. Hoje, não, nós temos clareza de que a população brasileira, os mais pobres desse país têm expectativa de futuro e podem tê-la porque nós vamos cumprir essa expectativa, nós demos um início a isso. Nós trocamos o pneu do carro com ele andando. Eu não vou precisar de trocar o pneu do carro com ele andando. Se eu elencar uma porção de “se” para você, poderia ser feito mais no governo Lula: “se” a gente tivesse encontrado um projeto, nós não encontramos; “se” o Brasil tivesse uma experiência de crescimento, não tinha; Então, tem uma quantidade de “se” que não vale a pena a gente tratar.
PRESOS POLÍTICOS
Serra: Para mim, direitos humanos não são negociáveis. Não cultivemos ilusões: democracias não têm gente encarcerada ou condenada à forca por pensar diferente de quem está no governo. Democracias não têm operários morrendo por greve de fome quando discordam do regime.
Dilma: Compartilho da posição do presidente Lula não só sobre Cuba, mas sobre toda a política externa. Vocês não vão conseguir me tirar aqui uma crítica ao presidente Lula. Nem que a vaca tussa.
É isso. Vem muito mais por aí, mas a pergunta está posta desde já: qual dos dois o Brasil merece? Você decide.
Raríssimas vezes o eleitorado brasileiro aguardou com tamanha ansiedade a temporada dos debates eleitorais entre os candidatos à presidência da República. Enquanto não começam os duelos transmitidos pela televisão, a coluna vai publicar amostras suficientemente reveladoras para imaginar-se o que vem por aí. O primeiro round revela o que pensam sobre três temas o ex-governador José Serra e a ex-ministra Dilma Rousseff. As respostas foram transcritas sem retoques nem correções de entrevistas e declarações publicadas pela imprensa.
POR QUE SER CANDIDATO À PRESIDÊNCIA
José Serra: Evidentemente, ser ou não presidente não é uma escolha sua, não depende apenas de uma decisão. Mas, desde a primeira adolescência, sempre tive vontade de me envolver na vida pública. Uma coisa que aprendi ao longo das minhas experiências foi descentralizar: formar boas equipes, permitir que os diferentes integrantes tenham liberdade para trabalhar na formação das suas próprias subequipes e também evitar antagonismos. Eu me preparei a vida inteira para ser presidente.
Dilma Rousseff: Por que que eu fui? Eu acho que porque, pelos mesmos motivos que levaram o presidente a me escolher como ministra-chefe da Casa Civil. Porque a ministra-chefe da Casa Civil é o cargo, do ponto de vista político-administrativo, mais importante do governo. Eu acho que esse contato diário que eu tive com o presidente, e que levou que nós estreitássemos… pessoas que trabalham muito tempo perto passam a se entender pelo olhar, né, você tem uma comunicação muito forte. Acho que o presidente confia em mim para que o nosso projeto de país seja um projeto bem sucedido, e essa confiança do presidente em mim faz com que esse desafio que eu tenho pela frente… eu vou honrá-lo, eu vou defender esse projeto, vou garantir que ele avance e isso que eu chamo de uma nova era que nós abrimos no governo Lula, eu vou garantir a continuidade.
O BRASIL EM 2010
Serra: Eu acho que o Brasil avançou muito nos últimos 25 anos. Nós afirmamos uma democracia de massas, com uma Constituição que pode ter os seus problemas, mas que enfatizou como nunca as liberdades civis e políticas. Conseguimos acabar com a superinflação, avançar no combate à pobreza, consolidar o SUS, a inclusão educacional e até retomar o crescimento econômico. Não foi um desempenho brilhante se você o comparar com o da Índia ou o da China, mas foi um desempenho razoável em relação ao dos países desenvolvidos. Agora, isso significa que as coisas estão resolvidas? Não. No que se refere ao crescimento, nós precisamos de infraestrutura. As carências nessa área são dramáticas e representam um gargalo para o nosso desenvolvimento. A essência do meu governo, como orientação para o Brasil, precisa ser a de oferecer uma maior abertura de oportunidades para a população. O povo brasileiro quer é ter oportunidade na vida: estudo, boa saúde, emprego para os jovens, acesso a bens culturais e de lazer. O que o povo brasileiro quer não é muito, é oportunidade.
Dilma: Sabe o que vai ser, vai ser o seguinte, vai ser um governo Lula avançado. Que é um governo Lula avançado? Quando nós começamos, nós começamos do nada. Não tinha projeto, o Brasil não tinha, há anos e anos que não planejava, e havia toda uma demanda também, seria muito grave uma situação do Brasil hoje se nós não tivéssemos feito os programas sociais que nós fizemos, muito grave, porque você teria uma parte muito importante da nossa população sem nenhuma perspectiva, sem futuro. Hoje, não, nós temos clareza de que a população brasileira, os mais pobres desse país têm expectativa de futuro e podem tê-la porque nós vamos cumprir essa expectativa, nós demos um início a isso. Nós trocamos o pneu do carro com ele andando. Eu não vou precisar de trocar o pneu do carro com ele andando. Se eu elencar uma porção de “se” para você, poderia ser feito mais no governo Lula: “se” a gente tivesse encontrado um projeto, nós não encontramos; “se” o Brasil tivesse uma experiência de crescimento, não tinha; Então, tem uma quantidade de “se” que não vale a pena a gente tratar.
PRESOS POLÍTICOS
Serra: Para mim, direitos humanos não são negociáveis. Não cultivemos ilusões: democracias não têm gente encarcerada ou condenada à forca por pensar diferente de quem está no governo. Democracias não têm operários morrendo por greve de fome quando discordam do regime.
Dilma: Compartilho da posição do presidente Lula não só sobre Cuba, mas sobre toda a política externa. Vocês não vão conseguir me tirar aqui uma crítica ao presidente Lula. Nem que a vaca tussa.
É isso. Vem muito mais por aí, mas a pergunta está posta desde já: qual dos dois o Brasil merece? Você decide.
Fraude nas urnas, acho que os petralhas estão armando...
É preocupante a declaração de Lula, na entrevista concedida ao Diário de Pernambuco
Prevê vitória no primeiro turno?
Não acho nem que sim, nem que não. Vamos trabalhar para ter o máximo. [...] A única coisa que não quero é que tenha terceiro turno. E que quem perca, exerça a democracia acatando o resultado eleitoral. E não tente dar golpe, como tentaram me dar em 2005.
nota da colunista Marisa Gibosn, também no Diário de Pernambuco causa procupação pela certeza petista de vitória nas urnas...
Chances // O PT está jogando com todas as fichas nas vitórias de Dilma Rousseff (PT), de Eduardo Campos (PSB) e na de Humberto Costa (PT) para senador. O partido está tão seguro que excluiu o ex-prefeito João Paulo (PT) do processo. Mas pode ser que não aconteça tudo assim, tão certinho.
A íntegra da entrevista de Lula, para quem quiser ler a farsa que é esse presimente e que o Noblat começou a mostrar..
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que houve falhas na elaboração do projeto de reestruturação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e disse ter cobrado do ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, uma resolução para o assunto "porque é pouca coisa para a gente ficar brigando por isso". Ele acusou a "direita" do Nordeste de se apoderar do debate que envolve a suposta perda de autonomia da Chesf em favor da Eletrobras valendo-se de "erros cometidos pelos companheiros que elaboraram a portaria de regulamentação de participação das empresas". Mas Lula foi firme ao defender o fortalecimento da Eletrobras e as mudanças na estatal. As primeiras declarações públicas do presidente sobre a Chesf foram feitas em entrevista exclusiva ao Diários Associados, concedida ontem pela manhã na biblioteca do Palácio da Alvorada, em Brasília.
Na conversa, que durou cerca de 1h15, Lula disse ainda ter ficado "surpreso" com a indicação do ex-ministro da Saúde, Humberto Costa, como candidato do PT ao Senado em Pernambuco e "mais ainda" com o relato de que houve um acordo entre Humberto e o ex-prefeito do Recife, João Paulo. Ele comentou a importância do Nordeste para a campanha da sua candidata à sucessão presidencial, a ex-ministra Dilma Rousseff (PT), e se estendeu numa análise sobre a composição partidária em Minas Gerais, Brasília e São Paulo. Falou sobre a situação de Ciro Gomes (PSB) como pré-candidato e garantiu estar convencido de que a eleição de outubro deveria ser plebiscitária.
O presidente afirmou ainda que mudou de ideia e que passou a defender a manutenção da reeleição. O comentário se deu um dia após o candidato do PSDB à presidência, o ex-governador de São Paulo José Serra, defender a ampliação do mandato para cinco anos e o fim da reeleição. Lula revelou ter sido procurado por intermediários do PSDB para avaliar um acordo em torno de um mandato maior sem reeleição e que esse encontro teria motivado a troca de opinião. Veja abaixo trechos da entrevista:
Tivemos em Brasília uma eleição indireta em que o candidato indicado pelo PMDB ganhou. O senhor acha que ainda cabe a intervenção?
Essa é uma coisa que depende única e exclusivamente do Poder Judiciário. Não cabe a um presidente da República dizer se cabe ou não uma intervenção. O Poder Judiciário, em função das informações que tem, deve tomar a decisão. Se for manter como está, o governador que ganhou por 13 votos, tem mais é que tocar. Espero que, enquanto a Justiça não decide, o novo governador comece a trabalhar urgentemente para que Brasília volte à normalidade.
E com relação ao cenário em Minas, já chegou ao limite?
A política seria muito fácil se as pessoas percebessem que é como o leito de um rio: a água desce normalmente se ninguém resolver fazer um barragem. As coisas em Minas Gerais tinham tudo para acontecer normalmente, sem nenhum trauma, sentar PT e PMDB e tentar conversar. Tínhamos e temos chance de ganhar na medida em que o Aécio (Neves, ex-governador de Minas) não é candidato e ninguém pode conseguir transferir 100% dos votos. Tudo isso estava na minha conta. De repente, o PT resolve fazer uma guerra interna sem nenhuma necessidade. Essas guerras internas não resolvem o problema com facilidade. As pessoas pensam que podem fazer as guerras que quiserem, travarem os insultos, as provocações que quiserem e, depois, bota um papel em cima, acabou e volta à normalidade. No PT não volta à normalidade. Conheço esse partido. Não volta. Tem gente magoada para todos os lados. Acho que nossos companheiros, Patrus e Pimentel, vão ter que fazer um esforço incomensurável para fazer uma chapa lá. Sinceramente, não acho que a prévia resolva. Fazer uma prévia você pode ter um resultado aritmético, mas é preciso saber se há uma compatibilização do resultado aritmético com o resultado político.
Mas como faz? No momento em que escolhe um candidato a governador como é que tira?
Se o PT precipitar suas decisões, vai ficando cada vez mais num beco sem saída. Acho que é importante usar a maturidade, o conhecimento político, para se sentarem em torno de uma mesa e ver o que é possível fazer enquanto há tempo de fazer. Tem que conversar. A prévia é muito importante, mas não pode ser utilizada para resolver problemas que os dirigentes criaram e não conseguem resolver. Se eu criei uma confusão, em vez de resolver, eu falo, vamos para uma prévia? Na história do PT já tivemos quase que guerras fraticidas nessas prévias. Quando elas são feitas é para resolver problemas que os dirigentes deveriam ter resolvido. Como política não é matemática exata, é importante que tomem cuidado. Minas é um estado importante, interessa muito para o PT, para o PMDB e para o PSDB. É o segundo estado da federação e muito sofisticado, porque você tem a Minas carioca, a Minas Bahia, a Minas Brasília, a Minas São Paulo, a Minas Minas. É um estado extraordinariamente diversificado. É preciso trabalhar isso com carinho. Acho que a gente resolve muito mais isso em torno de uma mesa do que de uma prévia.
O senhor ficou satisfeito com a chapa dePernambuco? Essa mágoa de João Paulo, que não é candidato ao Senado, não pode ser um risco?
Pra mim, foi surpresa que o companheiro João Paulo não tenha sido escolhido senador. Mas, mais surpreso ainda fiquei com o relato do presidente do partido, de que foi um acordo entre João Paulo e Humberto Costa. Sinceramente, fiquei surpreso.
Mas gostou do resultado?
Não se trata de eu ficar ou não satisfeito, mas se trata do seguinte: o acordo foi feito porque as pessoas entendiam que era melhor para o PT de Pernambuco? Se for assim, ótimo.
E por falar em mágoas, e Ciro Gomes?
Na última conversa que tive com o presidente do PSB nos colocamos de acordo que deveríamos esperar passar o mês de março para que a gente voltasse a conversar. Estamos em abril. Sei que ele já teve a conversa com Ciro Gomes. Pretendo conversar com Ciro na medida em que a direção do PSB entenda que já é momento de conversar. Achei interessante quando transferiu o título para São Paulo porque era uma probabilidade. Ou seja, no primeiro momento houve uma certa reação do PT, depois todos os quadros mais importantes do PT passaram a admitir que era importante o Ciro ser candidato a governador de São Paulo, depois do PSB lançou o Paulo Skaf. O problema não era dentro do PT. Acho normal que o companheiro Ciro tenha interesse em ser candidato a presidente da República e disse para o Ciro que jamais pediria para uma pessoa ou partido não ter candidato a presidente da República se não tiver um argumento sólido para convencer as pessoas. Ser candidato significa a possibilidade de fortalecer os partidos, mas também significa a possibilidade de você perder uma eleição. Estou convencido de que essa deveria ser uma eleição plebiscitária. Fazer o confronto de ideias, programas, realizações. A melhor coisa do mundo, uma bela eleição do confronto de ideias, plebiscitária. Afinal de contas são dois projetos que estão disputando. Com base nisso, falei com o PSB que deveríamos esperar um pouco mais à frente para ver se seria plebiscitária ou não. A tendência que está acontecendo até agora é a de que caminhamos para uma eleição plebiscitária.
O senhor acha que houve falhas na condução desse processo?
Não acho que houve falhas. Há visões políticas explicitadas publicamente. Às vezes, você vai enxergar o erro depois que passou as eleições. Tomamos decisões em função do momento político. O momento político agora me diz que as eleições serão plebiscitárias, que dificilmente haverá espaço para uma terceira candidatura. Agora, tem gente que não acredita. A Marina Silva é candidata porque acredita que pode ganhar. O Ciro Gomes pode querer ser candidato e o PSB entender que deva ser. Agora, para ser candidato é preciso saber qual a composição que você vai fazer, qual o tempo de TV, com quem estará aliado regionalmente. Na hora que o time entra em campo, você precisa ter jogador. Eleição é difícil. No Brasil, é complicado. Na hora que o jogo começa de verdade é preciso que os times estejam em campo, que você tenha tempo de TV, seguidores, uma boa bancada. Vou dar um exemplo: Ganhamos para prefeito em São Bernardo em 1988 com doutor Maurício. De lá para cá, nunca mais ganhamos. Só na última com Marinho. Ele quebrou um negócio que se fazia contra o PT. Toda eleição, em São Bernardo, se juntavam 19 partidos contra o PT. Eram 1.700 vereadores contra 21 do PT. O Marinho habilmente fez acordo com 11 partidos.
O PT também não ganha o governo de São Paulo...
O PT não precisa provar para ninguém que tem 30% dos votos em São Paulo. Precisamos arrumar os outros 20%. Eu disse a Mercadante, é preciso que você arrume o teu José Alencar. Porque o José Alencar para mim teve uma importância que não é a da quantidade de votos que ele trouxe só. É a da quantidade de preconceito que ele quebrou porque ficava explícito que tem mais de 15 mil trabalhadores na sua fábrica, a maior empresa têxtil do país, estava sendo meu vice e um cidadão que tinha dois empregados e se achava o maior empregador do mundo tinha medo do Lula. O discurso do José Alencar quebrou barragem maior do que a de Itaipu. O PTde São Paulo precisa arrumar esse José Alencar. Temos que arrumar um vice que não seja mais à esquerda que o PT, uma pessoa que fale para um segmento da sociedade.
No conceito de vice, Michel Temer não teria esse perfil para a chapa de Dilma?
Deixa eu lhe contar uma coisa: a Dilma tem cartão de crédito de oito anos de administração bem-sucedida no Brasil, da qual ela foi uma gerente excepcional. Vocês quando conversarem com a Dilma, terão a mesma surpresa que eu tive. A Dilma virou minha ministra de Minas e Energia numa reunião. O José Dirceu já tinha inclusive feito acordo com o PMDB e eu disse a ele: acabo de encontrar a minha ministra para o Ministério de Minas e Energia. Pela objetividade com que ela se comportou na reunião e pela seriedade de tratar os assuntos. Sabe, a Dilma vai ter esse cacife. O vice não dá voto, não é que o vice venha dar voto, agora o Temer acho que dará a segurança de um homem que se dedica a vida pública já há muito tempo e tem uma seriedade comprovada dentro do Congresso Nacional. Hoje está mais fortalecido dentro do PMDB e nós trabalhando olhando também o pós-eleição. Ou seja, é melhor você construir as regras do jogo antes do que você deixá-la para construir depois. Então, acho que o Temer, se for ele o indicado pelo PMDB, dará a tranquilidade de que nós não teremos problemas de governabilidade no país. Que é sempre uma coisa de muita tensão.
O senhor disse que se ressentia de não ter feito a reforma política. Serra disse que, se eleito, quer propor cinco anos de mandato sem reeleição. Como o senhor avalia isso?
Em política não vale você ficar falando para inglês ver. Sabe, a história dos cinco anos eles já tiveram. É importante ter em conta que eles reduziram o mandato de cinco para quatro anos pensando que eu ia ganhar as eleições, em 1994. Aí eles ganharam, e, em 96, aprovaram a reeleição. Aí, para tentarem convencer o Aécio a ser o vice, vieram até me propor que, se o PT e o PSDB estivessem juntos numa reforma política para aprovar cinco anos, sabe, seria o máximo, a gente aprovaria. Eu falei para meu companheiro interlocutor, falei "olha eu era contra a reeleição, agora eu quero que tenha a reeleição", mesmo se você ganhar porque em quatro anos você não consegue fazer nenhuma obra estruturante nesse país, nenhuma. Entre você pensar uma grande obra, fazer projeto básico, executivo, tirar licença ambiental, enfrentar o Poder Judiciário, enfrentar o Tribunal de Contas da União, e vencer todos esses obstáculos, termina o teu mandato e você não começa a obra. Sabe, então eu falei "não quero mais o fim da reeleição". Eu quero que tenha quatro anos#
Quando houve esta conversa?
Faz algum tempo, já.
Com quem foi?
Não, porque era a tese do ex-presidente para convencer o Aécio a ser vice. Então, em política não vale ingenuidade. Ou seja, ninguém vai acreditar que o mesmo partido que criou a reeleição, venha agora querer acabar com a reeleição. É promessa para quem? Ninguém está pedindo isso. Só o Aécio está pedindo.
O senhor já está trabalhando com a hipótese de o Aécio ser o vice?
Não, sinceramente, acho que o Aécio está qualificado politicamente para ser o que ele quiser ser. Agora, se ele for vice ele vai se desgastar muito porque é só pegar o que o Estado de Minas escreveu das divergências de Aécio com Serra, é só pegar os discursos todos feitos quando o Virgílio Guimarães era candidato a presidente da Câmara para a gente perceber que o Aécio vai colocar muita dúvida na cabeça do povo mineiro.
O senhor tem segurança grande com relação ao partido. Dilma não veio da base do PT. Será que a ministra tem condições de ter um poder sobre o partido? Não será monitorada por ele?
Não, não existe nenhuma hipótese, gente. Primeiro porque, uma coisa é a relação de respeito que você tem de ter com o partido. Não é uma relação de medo, é de respeito. Eu vou poder ajudar muito mais a Dilma dentro do PT não sendo presidente da República do que sendo presidente da República. Eu fora da presidência, estarei mais nos eventos do PT, estarei participando mais das coisas do PT.
O senhor acha que vai transferir quanto de sua popularidade para Dilma?
É engraçado porque as pessoas que acham que eu não vou transferir voto para a Dilma acham que o Aécio vai transferir para o Serra. É engraçadíssimo porque as pessoas olham o seu umbigo e dizem "o meu é o mais bonito de que todos".
Mas seria transferência automática?
Não, não é automática. Não existe um automaticismo em política.
E o que lhe dá tanta segurança?
O que me dá uma segurança é que o mesmo povo que me dá o voto de confiança há sete anos vou pedir para dar um voto de confiança para Dilma. Eu vou fazer campanha. Não pensem que vou ficar parado vendo a banda passar. Eu quero estar junto da banda, até porque acho que a campanha da Dilma é parte do meu programa de governo para dar continuidade às coisas que nós precisamos fazer no Brasil.
Mas somente uma parte do eleitorado sabe que sua candidata é Dilma...
Gente, política é uma coisa fantástica. Eu conheço político importante que achava que era muito conhecido. Você sai para andar nas ruas e as pessoas não conhecem. Políticos que estão aí há 20, 25 anos. Às vezes a pessoa é conhecida na rua onde mora, no seu estado. O que é a campanha majoritária e a televisão? É a possibilidade de os candidatos ficarem conhecidos. Você pega o Aécio - o governador mais bem avaliado do Brasil - qual é o conhecimento que as pessoas têm dele no Brasil? Raríssimo. A Dilma tem pouco tempo na política.
Ainda há tempo para torná-la conhecida em alguns lugares do país como os grotões do Nordeste?
Há tempo suficiente. É lá que eu vou chegar. Lá eu não vou nem chegar, lá eles são Lula. Lá eu estou representado, lá eles são eu. Eu quero ir é nos lugares onde estou...
O Nordeste, então, não lhe preocupa?
Lógico que me preocupa porque não existe eleição ganha antes do dia da apuração. Mas o carinho que o povo nordestino e do Norte têm por mim é de relação humana muito forte. Vou pedir o apoio desses companheiros para a minha candidata e vou trabalhar muitoem outros estados. O meu trabalhar é o sinal mais forte que posso dar para a sociedade brasileira que não estou pensando em 2014. Quando o político é canalha, ele não quer eleger o seu sucessor. O velhaco quer voltar. Indica alguém que não pode ser candidato em 2014 e alguém que ele sabe que é fraco. Eu não. Estou indicando o que tenho de melhor. Para ganhar. E , se ganhar, ter o direito de governar mais quatro anos.
O senhor será o âncora dos programas?
Não. Sou presidente da República. Não posso ser âncora. Espero ser âncora de algum programa de televisão depois que eu deixar a presidência.
Essa eleição da Dilma, parece que o senhor tem a mesma garra com a campanha dela do que com a sua reeleição#É uma questão de honra eleger a Dilma?
Em política não se coloca questão de honra. É de pragmatismo político. E você tem razão. Estou muito mais animado com a campanha da Dilma do que com a minha. Eu passei muito tempo relutando contra o segundo mandato. O PAC surgiu justamente por conta da minha preocupaçãocom o segundo mandato. Qual era? Se eu chegar no segundo mandato e ficar como alguns que só iam trabalhar de tarde e repetir a mesmice do primeiro seria uma coisa enfadonha. Pensei o PAC em outubro de 2006. Não utilizei na campanha porque chegamos a conclusão que não era necessário. Lançamos em fevereiro de 2007. Ele é que me deu gás de ver as coisas, de andar pelo Brasil. Meu governo já foi avaliado com a minha reeleição. Ele será bi-avaliado se eleger a Dilma. Daí, a minha responsabilidade com a eleição da Dilma. É que ela será a continuidade do nosso governo, aperfeiçoando, fazendo mais, fazendo coisas novas. Vamos para as cabeças, entusiasmados, sempre sabendo que eleição não se ganha na véspera, se ganha no dia.
O senhor acha que será decidida no primeiro turno?
Não acho nem que sim, nem que não. Vamos trabalhar para ter o máximo. Um estudante só vence na vida se a média que ele tem que ter na escola é cinco, ele tem que trabalhar para ter dez. Se ficar trabalhando só na média pode ter 4,8. Vamos trabalhar, colher o que for preciso. A única coisa que não quero é que tenha terceiro turno. E que quem perca, exerça a democracia acatando o resultado eleitoral. E não tente dar golpe, como tentaram me dar em 2005.
Qual é sua opinião com relação às mudanças na Chesf? No Nordeste, há uma polêmica grande porque a Chesf impulsiona muitos projetos. Muitos acham que a Chesf irá perder autonomia e haverá prejuízo para a região...
Deixa eu lhe contar uma coisa: Eu chamei o ministro de Minas e Energia (Márcio Zimmermann) sexta-feira para saber o que estava acontecendo na Chesf. Ele me contou o que estava acontecendo, que tinha recebido uma carta da direção da Eletrobras e eu disse para o ministro que ele tem de resolver esta semana este assunto porque é pouca coisa para a gente ficar brigando por isso. O que é engraçado é que as pessoas que trabalharam para destruir o sistema elétrico brasileiro, e por isso privatizaram a Celpe - que é a empresa que cobra mais caro a energia no país - agora viraram todos defensores da nossa querida Chesf. É a direita que não tinha discurso que resolve então se apoderar de um dilema e, na minha opinião, de erros cometidos pelos companheiros que elaboraram a portaria de regulamentação de participação das empresas. Qual era a decisão do governo federal: eu quero a Eletrobras forte. Eu quero a Eletrobras - é importante lembrar que, quando eu cheguei ao governo, as empresas públicas não podiam participar de leilões de energia. E eu quero a Eletrobras forte porque nós temos que fazer muita coisa de energia, eu quero uma empresa com capacidade de construir parcerias internacionais, de pegar empréstimo internacional, e não uma empresa falida, apenas uma cartorial. Então, nós já fizemos. Aprovamos no Congresso, a Eletrobras como uma holding forte. Como holding, essa empresa tem de coordenar suas afiliadas, a Chesf, Furnas, a Eletronorte, a Eletrosul. O que não pode é tirar a autonomia das empresas, como as empresas da Petrobras. A BR tem autonomia, mas tem os interesses maiores da Petrobras que são discutidos estrategicamente dentro do Conselho da Petrobras. O que queremos é o mesmo. A mesma coisa. É engraçado que as pessoas que estão no debate lá não falam que nós capitalizamos a Chesf com R$ 3,5 bilhões. Não falam. Não falam que a Chesf está participando de licitações que jamais ela participaria porque não tinha condições financeiras. Então, queremos a Chesf forte, a Eletronorte forte, a Eletrosul forte, queremos Furnas forte e não queremos que nenhuma tenha supremacia sobre a outra. O que queremos é que o controlador de todas seja o governo federal através da Eletrobras.
Então, o molde que foi...
Então, nós estamos vendo. Eu disse para o ministro, que esteve conversando com os deputados e com Eduardo Campos (o governador), para dar uma olhada porque essa coisa é assim: você pega um funcionário não sei de que escalão para fazer uma portaria# sabe, talvez ele tenha colocado coisas exageradamente lá que não precisava ter. Mas isso, da nossa parte, nós vamos resolver porque o que eu quero é que nós tenhamos todas as filiais fortes e a Eletrobras muito mais forte ainda. Até porque nós temos muita importância no mundo. Nós vamos fazer uma hidroelétrica na Nicarágua, em vários países africanos. O Brasil precisa aproveitar o conhecimento de engenharia que tem nessa área e virar um senhor da situação. Não é apenas ficar disputando aqui dentro, não. Agora nessa licitação de Belo Monte eu disse aos empresários: "Se vocês não quiserem participar, nós vamos fazer sozinhos. Nós vamos provar que não vamos ficar reféns de nenhum empresário. Queremos construir parcerias juntas, mas não ficaremos reféns.
Nestes oito anos, o que o senhor pensou: que pena que eu não fiz isso?
Certamente, você sempre vai se queixar porque não fez mais. Eu nunca vou me contentar com o que fiz. Quando eu for prestar contas do governo, aí vai ficar mais visível para mim o que fiz e o que não fiz. Eu acho que nós temos que fazer a reforma política. Ela não depende do governo federal. Na verdade, o governo federal tinha que ser o indutor, mas o que noto é que os partidos políticos não querem - nem o meu demonstra interesse. Parece que as pessoas preferem o que está aí. Eu acho que tem de fazer reforma política no país, tem de fazer reforma tributária. Eu mandei dois projetos de reforma tributária, nenhum foi votado no Congresso Nacional. Eu penso que, se a gente tivesse reforma política, se tivesse os partidos funcionando mais corretamente, se a gente tivesse os partidos que decidissem e a base cumprisse a fidelidade partidária, teria uma chance de fazer um acordo entre os partidos e aprovar as coisas, mas agora não. Agora, não. Já não é mais os partidos, já não é mais as lideranças, agora são os grupos dentro de cada bancada. Isso é uma coisa que eu tenho a frustração de não ter feito a reforma política. Tenho duas propostas nossas no Congresso Nacional, mas essa é uma coisa que depende do partido. Uma coisa eu digo: quando eu deixar a presidência, eu vou ser uma pedra no calcanhar do PT para que o PT coloque a reforma política como prioridade sua, com 365 dias por ano falando de reforma política, procurando aliado para a gente fazer porque não é possível. Sobretudo porque eu acho que o fundo público para financiar as eleições, com a proibição de dinheiro privado seria uma possibilidade que a gente teria de moralizar o país.
Qual a quarentena que o senhor dará para o futuro governo?
Não tem quarentena. Pretendo não dar palpite no próximo governo. Se pedirem alguma opinião (falava de uma suposta vitória de Dilma), eu sinceramente acho que quem for eleito tem o direito de governar e de fazer o que entender o que deva ser feito. Depois vai ser julgado. Não cabe a mim julgamento e ficar cobrando, como se fosse ex-marido ou ex-mulher, dizendo como o outro tem de ficar vivendo. Rei morto, rei posto, como se fala.
Em relação ao seu projeto internacional?
Não existe. Esse negócio da ONU, vamos ter claro o seguinte: A ONU não pode ter como secretário geral um político. Tem que ter um burocrata do sistema porque, caso contrário você entra em confronto com os outros presidentes. Vamos melhorar a ONU, mas acho que a burocracia tem de continuar existindo para continuar mantendo uma certa harmonia. Eu tenho muita vontade de trabalhar um pouco a experiência acumulada no Brasil tanto para a África quanto para a América Latina. Não tenho projetos. Só penso agora em terminar o mandato e animar os meus ministros porque vai chegando o final do mandato e, sabe aquele negócio, vai dando 2h da manhã você está num baile e já começa a procurar uma cadeira para sentar#eu quero que todo mundo continue animado e dançando porque eu quero continuar muito bem até 31 de dezembro. A imagem que eu quero deixar minha no governo é de que trabalhamos até a véspera do minuto do dia primeiro. Vou sair do governo com a consciência tranquila, vou continuar andando pelo país muito, vou continuar visitando o país, vou ver o que fiz o que não fiz.
E 2014 está aí, presidente...
Eu não trabalho com essa hipótese. Em política, é ruim porque nem posso discordar e nem posso dizer#eu diria que a probabilidade é de não existir 2014 porque quero que minha candidata ganhe. E, se eu quero que ela ganhe, ela tem direito à reeleição. O país está vivendo um momento glorioso, estamos longe de ter um país dos nossos sonhos, mas estamos vivendo um país que há muitas décadas não vivíamos. Só quero que as coisas melhorem. Eu vou mostrar que um ex-presidente não pode ser mesquinho. Não pode ficar torcendo pelo fracasso do outro, não pode ficar dando palpite.
O senhor fala de Fernando Henrique?
Tomei como decisão fazer comparação, tinha que ter uma referência. Qual era minha referência? Era tudo que encontrei. Aí, obviamente, ele deve ter se incomodado demais.
E o PAC 2 não vai dar tempo de ser iniciado nesse mandato, presidente...
O PAC 2 não foi lançado para se fazer nesse governo. Eu estava vendo alguns governos dizer, eu vi até o Aécio dizendo, que as obras prioritárias de Minas vou passar para o Serra (José Serra), veja: as obras prioritárias de cada estado serão definidas por cada estado. Não éo governo quem vai decidir qual é a rodovia, qual é a ferrovia. Por que eu tive que fazer o PAC 2? Para facilitar a vida de quem vai entrar depois de mim. Se não quiser fazer, não faça. Foi eleito presidente, tem o direito de pegar tudo rasgar e não fazer. O que eu quero? Quero deixar uma prateleira de projetos que não recebi. Quis deixar a estrutura semeada. O PAC vai ser construído com os prefeitos e vamos colocar mais dinheiro nas periferias para evitar as coisas que aconteceram no Rio de Janeiro, porque a gente fica culpando a chuva, mas quem era administrador há 20, 30 anos quando deixou as pessoas irem morar no lixão? Quem eram os senhores governantes nesse país? A gente culpa a chuva, mas todo mundo sabe que quem está morando na beira do córrego vai sofrer mais, alguém na beira do morro vai ter desmoronamento. Será que ninguém viu?
Prevê vitória no primeiro turno?
Não acho nem que sim, nem que não. Vamos trabalhar para ter o máximo. [...] A única coisa que não quero é que tenha terceiro turno. E que quem perca, exerça a democracia acatando o resultado eleitoral. E não tente dar golpe, como tentaram me dar em 2005.
nota da colunista Marisa Gibosn, também no Diário de Pernambuco causa procupação pela certeza petista de vitória nas urnas...
Chances // O PT está jogando com todas as fichas nas vitórias de Dilma Rousseff (PT), de Eduardo Campos (PSB) e na de Humberto Costa (PT) para senador. O partido está tão seguro que excluiu o ex-prefeito João Paulo (PT) do processo. Mas pode ser que não aconteça tudo assim, tão certinho.
A íntegra da entrevista de Lula, para quem quiser ler a farsa que é esse presimente e que o Noblat começou a mostrar..
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que houve falhas na elaboração do projeto de reestruturação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e disse ter cobrado do ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, uma resolução para o assunto "porque é pouca coisa para a gente ficar brigando por isso". Ele acusou a "direita" do Nordeste de se apoderar do debate que envolve a suposta perda de autonomia da Chesf em favor da Eletrobras valendo-se de "erros cometidos pelos companheiros que elaboraram a portaria de regulamentação de participação das empresas". Mas Lula foi firme ao defender o fortalecimento da Eletrobras e as mudanças na estatal. As primeiras declarações públicas do presidente sobre a Chesf foram feitas em entrevista exclusiva ao Diários Associados, concedida ontem pela manhã na biblioteca do Palácio da Alvorada, em Brasília.
Na conversa, que durou cerca de 1h15, Lula disse ainda ter ficado "surpreso" com a indicação do ex-ministro da Saúde, Humberto Costa, como candidato do PT ao Senado em Pernambuco e "mais ainda" com o relato de que houve um acordo entre Humberto e o ex-prefeito do Recife, João Paulo. Ele comentou a importância do Nordeste para a campanha da sua candidata à sucessão presidencial, a ex-ministra Dilma Rousseff (PT), e se estendeu numa análise sobre a composição partidária em Minas Gerais, Brasília e São Paulo. Falou sobre a situação de Ciro Gomes (PSB) como pré-candidato e garantiu estar convencido de que a eleição de outubro deveria ser plebiscitária.
O presidente afirmou ainda que mudou de ideia e que passou a defender a manutenção da reeleição. O comentário se deu um dia após o candidato do PSDB à presidência, o ex-governador de São Paulo José Serra, defender a ampliação do mandato para cinco anos e o fim da reeleição. Lula revelou ter sido procurado por intermediários do PSDB para avaliar um acordo em torno de um mandato maior sem reeleição e que esse encontro teria motivado a troca de opinião. Veja abaixo trechos da entrevista:
Tivemos em Brasília uma eleição indireta em que o candidato indicado pelo PMDB ganhou. O senhor acha que ainda cabe a intervenção?
Essa é uma coisa que depende única e exclusivamente do Poder Judiciário. Não cabe a um presidente da República dizer se cabe ou não uma intervenção. O Poder Judiciário, em função das informações que tem, deve tomar a decisão. Se for manter como está, o governador que ganhou por 13 votos, tem mais é que tocar. Espero que, enquanto a Justiça não decide, o novo governador comece a trabalhar urgentemente para que Brasília volte à normalidade.
E com relação ao cenário em Minas, já chegou ao limite?
A política seria muito fácil se as pessoas percebessem que é como o leito de um rio: a água desce normalmente se ninguém resolver fazer um barragem. As coisas em Minas Gerais tinham tudo para acontecer normalmente, sem nenhum trauma, sentar PT e PMDB e tentar conversar. Tínhamos e temos chance de ganhar na medida em que o Aécio (Neves, ex-governador de Minas) não é candidato e ninguém pode conseguir transferir 100% dos votos. Tudo isso estava na minha conta. De repente, o PT resolve fazer uma guerra interna sem nenhuma necessidade. Essas guerras internas não resolvem o problema com facilidade. As pessoas pensam que podem fazer as guerras que quiserem, travarem os insultos, as provocações que quiserem e, depois, bota um papel em cima, acabou e volta à normalidade. No PT não volta à normalidade. Conheço esse partido. Não volta. Tem gente magoada para todos os lados. Acho que nossos companheiros, Patrus e Pimentel, vão ter que fazer um esforço incomensurável para fazer uma chapa lá. Sinceramente, não acho que a prévia resolva. Fazer uma prévia você pode ter um resultado aritmético, mas é preciso saber se há uma compatibilização do resultado aritmético com o resultado político.
Mas como faz? No momento em que escolhe um candidato a governador como é que tira?
Se o PT precipitar suas decisões, vai ficando cada vez mais num beco sem saída. Acho que é importante usar a maturidade, o conhecimento político, para se sentarem em torno de uma mesa e ver o que é possível fazer enquanto há tempo de fazer. Tem que conversar. A prévia é muito importante, mas não pode ser utilizada para resolver problemas que os dirigentes criaram e não conseguem resolver. Se eu criei uma confusão, em vez de resolver, eu falo, vamos para uma prévia? Na história do PT já tivemos quase que guerras fraticidas nessas prévias. Quando elas são feitas é para resolver problemas que os dirigentes deveriam ter resolvido. Como política não é matemática exata, é importante que tomem cuidado. Minas é um estado importante, interessa muito para o PT, para o PMDB e para o PSDB. É o segundo estado da federação e muito sofisticado, porque você tem a Minas carioca, a Minas Bahia, a Minas Brasília, a Minas São Paulo, a Minas Minas. É um estado extraordinariamente diversificado. É preciso trabalhar isso com carinho. Acho que a gente resolve muito mais isso em torno de uma mesa do que de uma prévia.
O senhor ficou satisfeito com a chapa dePernambuco? Essa mágoa de João Paulo, que não é candidato ao Senado, não pode ser um risco?
Pra mim, foi surpresa que o companheiro João Paulo não tenha sido escolhido senador. Mas, mais surpreso ainda fiquei com o relato do presidente do partido, de que foi um acordo entre João Paulo e Humberto Costa. Sinceramente, fiquei surpreso.
Mas gostou do resultado?
Não se trata de eu ficar ou não satisfeito, mas se trata do seguinte: o acordo foi feito porque as pessoas entendiam que era melhor para o PT de Pernambuco? Se for assim, ótimo.
E por falar em mágoas, e Ciro Gomes?
Na última conversa que tive com o presidente do PSB nos colocamos de acordo que deveríamos esperar passar o mês de março para que a gente voltasse a conversar. Estamos em abril. Sei que ele já teve a conversa com Ciro Gomes. Pretendo conversar com Ciro na medida em que a direção do PSB entenda que já é momento de conversar. Achei interessante quando transferiu o título para São Paulo porque era uma probabilidade. Ou seja, no primeiro momento houve uma certa reação do PT, depois todos os quadros mais importantes do PT passaram a admitir que era importante o Ciro ser candidato a governador de São Paulo, depois do PSB lançou o Paulo Skaf. O problema não era dentro do PT. Acho normal que o companheiro Ciro tenha interesse em ser candidato a presidente da República e disse para o Ciro que jamais pediria para uma pessoa ou partido não ter candidato a presidente da República se não tiver um argumento sólido para convencer as pessoas. Ser candidato significa a possibilidade de fortalecer os partidos, mas também significa a possibilidade de você perder uma eleição. Estou convencido de que essa deveria ser uma eleição plebiscitária. Fazer o confronto de ideias, programas, realizações. A melhor coisa do mundo, uma bela eleição do confronto de ideias, plebiscitária. Afinal de contas são dois projetos que estão disputando. Com base nisso, falei com o PSB que deveríamos esperar um pouco mais à frente para ver se seria plebiscitária ou não. A tendência que está acontecendo até agora é a de que caminhamos para uma eleição plebiscitária.
O senhor acha que houve falhas na condução desse processo?
Não acho que houve falhas. Há visões políticas explicitadas publicamente. Às vezes, você vai enxergar o erro depois que passou as eleições. Tomamos decisões em função do momento político. O momento político agora me diz que as eleições serão plebiscitárias, que dificilmente haverá espaço para uma terceira candidatura. Agora, tem gente que não acredita. A Marina Silva é candidata porque acredita que pode ganhar. O Ciro Gomes pode querer ser candidato e o PSB entender que deva ser. Agora, para ser candidato é preciso saber qual a composição que você vai fazer, qual o tempo de TV, com quem estará aliado regionalmente. Na hora que o time entra em campo, você precisa ter jogador. Eleição é difícil. No Brasil, é complicado. Na hora que o jogo começa de verdade é preciso que os times estejam em campo, que você tenha tempo de TV, seguidores, uma boa bancada. Vou dar um exemplo: Ganhamos para prefeito em São Bernardo em 1988 com doutor Maurício. De lá para cá, nunca mais ganhamos. Só na última com Marinho. Ele quebrou um negócio que se fazia contra o PT. Toda eleição, em São Bernardo, se juntavam 19 partidos contra o PT. Eram 1.700 vereadores contra 21 do PT. O Marinho habilmente fez acordo com 11 partidos.
O PT também não ganha o governo de São Paulo...
O PT não precisa provar para ninguém que tem 30% dos votos em São Paulo. Precisamos arrumar os outros 20%. Eu disse a Mercadante, é preciso que você arrume o teu José Alencar. Porque o José Alencar para mim teve uma importância que não é a da quantidade de votos que ele trouxe só. É a da quantidade de preconceito que ele quebrou porque ficava explícito que tem mais de 15 mil trabalhadores na sua fábrica, a maior empresa têxtil do país, estava sendo meu vice e um cidadão que tinha dois empregados e se achava o maior empregador do mundo tinha medo do Lula. O discurso do José Alencar quebrou barragem maior do que a de Itaipu. O PTde São Paulo precisa arrumar esse José Alencar. Temos que arrumar um vice que não seja mais à esquerda que o PT, uma pessoa que fale para um segmento da sociedade.
No conceito de vice, Michel Temer não teria esse perfil para a chapa de Dilma?
Deixa eu lhe contar uma coisa: a Dilma tem cartão de crédito de oito anos de administração bem-sucedida no Brasil, da qual ela foi uma gerente excepcional. Vocês quando conversarem com a Dilma, terão a mesma surpresa que eu tive. A Dilma virou minha ministra de Minas e Energia numa reunião. O José Dirceu já tinha inclusive feito acordo com o PMDB e eu disse a ele: acabo de encontrar a minha ministra para o Ministério de Minas e Energia. Pela objetividade com que ela se comportou na reunião e pela seriedade de tratar os assuntos. Sabe, a Dilma vai ter esse cacife. O vice não dá voto, não é que o vice venha dar voto, agora o Temer acho que dará a segurança de um homem que se dedica a vida pública já há muito tempo e tem uma seriedade comprovada dentro do Congresso Nacional. Hoje está mais fortalecido dentro do PMDB e nós trabalhando olhando também o pós-eleição. Ou seja, é melhor você construir as regras do jogo antes do que você deixá-la para construir depois. Então, acho que o Temer, se for ele o indicado pelo PMDB, dará a tranquilidade de que nós não teremos problemas de governabilidade no país. Que é sempre uma coisa de muita tensão.
O senhor disse que se ressentia de não ter feito a reforma política. Serra disse que, se eleito, quer propor cinco anos de mandato sem reeleição. Como o senhor avalia isso?
Em política não vale você ficar falando para inglês ver. Sabe, a história dos cinco anos eles já tiveram. É importante ter em conta que eles reduziram o mandato de cinco para quatro anos pensando que eu ia ganhar as eleições, em 1994. Aí eles ganharam, e, em 96, aprovaram a reeleição. Aí, para tentarem convencer o Aécio a ser o vice, vieram até me propor que, se o PT e o PSDB estivessem juntos numa reforma política para aprovar cinco anos, sabe, seria o máximo, a gente aprovaria. Eu falei para meu companheiro interlocutor, falei "olha eu era contra a reeleição, agora eu quero que tenha a reeleição", mesmo se você ganhar porque em quatro anos você não consegue fazer nenhuma obra estruturante nesse país, nenhuma. Entre você pensar uma grande obra, fazer projeto básico, executivo, tirar licença ambiental, enfrentar o Poder Judiciário, enfrentar o Tribunal de Contas da União, e vencer todos esses obstáculos, termina o teu mandato e você não começa a obra. Sabe, então eu falei "não quero mais o fim da reeleição". Eu quero que tenha quatro anos#
Quando houve esta conversa?
Faz algum tempo, já.
Com quem foi?
Não, porque era a tese do ex-presidente para convencer o Aécio a ser vice. Então, em política não vale ingenuidade. Ou seja, ninguém vai acreditar que o mesmo partido que criou a reeleição, venha agora querer acabar com a reeleição. É promessa para quem? Ninguém está pedindo isso. Só o Aécio está pedindo.
O senhor já está trabalhando com a hipótese de o Aécio ser o vice?
Não, sinceramente, acho que o Aécio está qualificado politicamente para ser o que ele quiser ser. Agora, se ele for vice ele vai se desgastar muito porque é só pegar o que o Estado de Minas escreveu das divergências de Aécio com Serra, é só pegar os discursos todos feitos quando o Virgílio Guimarães era candidato a presidente da Câmara para a gente perceber que o Aécio vai colocar muita dúvida na cabeça do povo mineiro.
O senhor tem segurança grande com relação ao partido. Dilma não veio da base do PT. Será que a ministra tem condições de ter um poder sobre o partido? Não será monitorada por ele?
Não, não existe nenhuma hipótese, gente. Primeiro porque, uma coisa é a relação de respeito que você tem de ter com o partido. Não é uma relação de medo, é de respeito. Eu vou poder ajudar muito mais a Dilma dentro do PT não sendo presidente da República do que sendo presidente da República. Eu fora da presidência, estarei mais nos eventos do PT, estarei participando mais das coisas do PT.
O senhor acha que vai transferir quanto de sua popularidade para Dilma?
É engraçado porque as pessoas que acham que eu não vou transferir voto para a Dilma acham que o Aécio vai transferir para o Serra. É engraçadíssimo porque as pessoas olham o seu umbigo e dizem "o meu é o mais bonito de que todos".
Mas seria transferência automática?
Não, não é automática. Não existe um automaticismo em política.
E o que lhe dá tanta segurança?
O que me dá uma segurança é que o mesmo povo que me dá o voto de confiança há sete anos vou pedir para dar um voto de confiança para Dilma. Eu vou fazer campanha. Não pensem que vou ficar parado vendo a banda passar. Eu quero estar junto da banda, até porque acho que a campanha da Dilma é parte do meu programa de governo para dar continuidade às coisas que nós precisamos fazer no Brasil.
Mas somente uma parte do eleitorado sabe que sua candidata é Dilma...
Gente, política é uma coisa fantástica. Eu conheço político importante que achava que era muito conhecido. Você sai para andar nas ruas e as pessoas não conhecem. Políticos que estão aí há 20, 25 anos. Às vezes a pessoa é conhecida na rua onde mora, no seu estado. O que é a campanha majoritária e a televisão? É a possibilidade de os candidatos ficarem conhecidos. Você pega o Aécio - o governador mais bem avaliado do Brasil - qual é o conhecimento que as pessoas têm dele no Brasil? Raríssimo. A Dilma tem pouco tempo na política.
Ainda há tempo para torná-la conhecida em alguns lugares do país como os grotões do Nordeste?
Há tempo suficiente. É lá que eu vou chegar. Lá eu não vou nem chegar, lá eles são Lula. Lá eu estou representado, lá eles são eu. Eu quero ir é nos lugares onde estou...
O Nordeste, então, não lhe preocupa?
Lógico que me preocupa porque não existe eleição ganha antes do dia da apuração. Mas o carinho que o povo nordestino e do Norte têm por mim é de relação humana muito forte. Vou pedir o apoio desses companheiros para a minha candidata e vou trabalhar muitoem outros estados. O meu trabalhar é o sinal mais forte que posso dar para a sociedade brasileira que não estou pensando em 2014. Quando o político é canalha, ele não quer eleger o seu sucessor. O velhaco quer voltar. Indica alguém que não pode ser candidato em 2014 e alguém que ele sabe que é fraco. Eu não. Estou indicando o que tenho de melhor. Para ganhar. E , se ganhar, ter o direito de governar mais quatro anos.
O senhor será o âncora dos programas?
Não. Sou presidente da República. Não posso ser âncora. Espero ser âncora de algum programa de televisão depois que eu deixar a presidência.
Essa eleição da Dilma, parece que o senhor tem a mesma garra com a campanha dela do que com a sua reeleição#É uma questão de honra eleger a Dilma?
Em política não se coloca questão de honra. É de pragmatismo político. E você tem razão. Estou muito mais animado com a campanha da Dilma do que com a minha. Eu passei muito tempo relutando contra o segundo mandato. O PAC surgiu justamente por conta da minha preocupaçãocom o segundo mandato. Qual era? Se eu chegar no segundo mandato e ficar como alguns que só iam trabalhar de tarde e repetir a mesmice do primeiro seria uma coisa enfadonha. Pensei o PAC em outubro de 2006. Não utilizei na campanha porque chegamos a conclusão que não era necessário. Lançamos em fevereiro de 2007. Ele é que me deu gás de ver as coisas, de andar pelo Brasil. Meu governo já foi avaliado com a minha reeleição. Ele será bi-avaliado se eleger a Dilma. Daí, a minha responsabilidade com a eleição da Dilma. É que ela será a continuidade do nosso governo, aperfeiçoando, fazendo mais, fazendo coisas novas. Vamos para as cabeças, entusiasmados, sempre sabendo que eleição não se ganha na véspera, se ganha no dia.
O senhor acha que será decidida no primeiro turno?
Não acho nem que sim, nem que não. Vamos trabalhar para ter o máximo. Um estudante só vence na vida se a média que ele tem que ter na escola é cinco, ele tem que trabalhar para ter dez. Se ficar trabalhando só na média pode ter 4,8. Vamos trabalhar, colher o que for preciso. A única coisa que não quero é que tenha terceiro turno. E que quem perca, exerça a democracia acatando o resultado eleitoral. E não tente dar golpe, como tentaram me dar em 2005.
Qual é sua opinião com relação às mudanças na Chesf? No Nordeste, há uma polêmica grande porque a Chesf impulsiona muitos projetos. Muitos acham que a Chesf irá perder autonomia e haverá prejuízo para a região...
Deixa eu lhe contar uma coisa: Eu chamei o ministro de Minas e Energia (Márcio Zimmermann) sexta-feira para saber o que estava acontecendo na Chesf. Ele me contou o que estava acontecendo, que tinha recebido uma carta da direção da Eletrobras e eu disse para o ministro que ele tem de resolver esta semana este assunto porque é pouca coisa para a gente ficar brigando por isso. O que é engraçado é que as pessoas que trabalharam para destruir o sistema elétrico brasileiro, e por isso privatizaram a Celpe - que é a empresa que cobra mais caro a energia no país - agora viraram todos defensores da nossa querida Chesf. É a direita que não tinha discurso que resolve então se apoderar de um dilema e, na minha opinião, de erros cometidos pelos companheiros que elaboraram a portaria de regulamentação de participação das empresas. Qual era a decisão do governo federal: eu quero a Eletrobras forte. Eu quero a Eletrobras - é importante lembrar que, quando eu cheguei ao governo, as empresas públicas não podiam participar de leilões de energia. E eu quero a Eletrobras forte porque nós temos que fazer muita coisa de energia, eu quero uma empresa com capacidade de construir parcerias internacionais, de pegar empréstimo internacional, e não uma empresa falida, apenas uma cartorial. Então, nós já fizemos. Aprovamos no Congresso, a Eletrobras como uma holding forte. Como holding, essa empresa tem de coordenar suas afiliadas, a Chesf, Furnas, a Eletronorte, a Eletrosul. O que não pode é tirar a autonomia das empresas, como as empresas da Petrobras. A BR tem autonomia, mas tem os interesses maiores da Petrobras que são discutidos estrategicamente dentro do Conselho da Petrobras. O que queremos é o mesmo. A mesma coisa. É engraçado que as pessoas que estão no debate lá não falam que nós capitalizamos a Chesf com R$ 3,5 bilhões. Não falam. Não falam que a Chesf está participando de licitações que jamais ela participaria porque não tinha condições financeiras. Então, queremos a Chesf forte, a Eletronorte forte, a Eletrosul forte, queremos Furnas forte e não queremos que nenhuma tenha supremacia sobre a outra. O que queremos é que o controlador de todas seja o governo federal através da Eletrobras.
Então, o molde que foi...
Então, nós estamos vendo. Eu disse para o ministro, que esteve conversando com os deputados e com Eduardo Campos (o governador), para dar uma olhada porque essa coisa é assim: você pega um funcionário não sei de que escalão para fazer uma portaria# sabe, talvez ele tenha colocado coisas exageradamente lá que não precisava ter. Mas isso, da nossa parte, nós vamos resolver porque o que eu quero é que nós tenhamos todas as filiais fortes e a Eletrobras muito mais forte ainda. Até porque nós temos muita importância no mundo. Nós vamos fazer uma hidroelétrica na Nicarágua, em vários países africanos. O Brasil precisa aproveitar o conhecimento de engenharia que tem nessa área e virar um senhor da situação. Não é apenas ficar disputando aqui dentro, não. Agora nessa licitação de Belo Monte eu disse aos empresários: "Se vocês não quiserem participar, nós vamos fazer sozinhos. Nós vamos provar que não vamos ficar reféns de nenhum empresário. Queremos construir parcerias juntas, mas não ficaremos reféns.
Nestes oito anos, o que o senhor pensou: que pena que eu não fiz isso?
Certamente, você sempre vai se queixar porque não fez mais. Eu nunca vou me contentar com o que fiz. Quando eu for prestar contas do governo, aí vai ficar mais visível para mim o que fiz e o que não fiz. Eu acho que nós temos que fazer a reforma política. Ela não depende do governo federal. Na verdade, o governo federal tinha que ser o indutor, mas o que noto é que os partidos políticos não querem - nem o meu demonstra interesse. Parece que as pessoas preferem o que está aí. Eu acho que tem de fazer reforma política no país, tem de fazer reforma tributária. Eu mandei dois projetos de reforma tributária, nenhum foi votado no Congresso Nacional. Eu penso que, se a gente tivesse reforma política, se tivesse os partidos funcionando mais corretamente, se a gente tivesse os partidos que decidissem e a base cumprisse a fidelidade partidária, teria uma chance de fazer um acordo entre os partidos e aprovar as coisas, mas agora não. Agora, não. Já não é mais os partidos, já não é mais as lideranças, agora são os grupos dentro de cada bancada. Isso é uma coisa que eu tenho a frustração de não ter feito a reforma política. Tenho duas propostas nossas no Congresso Nacional, mas essa é uma coisa que depende do partido. Uma coisa eu digo: quando eu deixar a presidência, eu vou ser uma pedra no calcanhar do PT para que o PT coloque a reforma política como prioridade sua, com 365 dias por ano falando de reforma política, procurando aliado para a gente fazer porque não é possível. Sobretudo porque eu acho que o fundo público para financiar as eleições, com a proibição de dinheiro privado seria uma possibilidade que a gente teria de moralizar o país.
Qual a quarentena que o senhor dará para o futuro governo?
Não tem quarentena. Pretendo não dar palpite no próximo governo. Se pedirem alguma opinião (falava de uma suposta vitória de Dilma), eu sinceramente acho que quem for eleito tem o direito de governar e de fazer o que entender o que deva ser feito. Depois vai ser julgado. Não cabe a mim julgamento e ficar cobrando, como se fosse ex-marido ou ex-mulher, dizendo como o outro tem de ficar vivendo. Rei morto, rei posto, como se fala.
Em relação ao seu projeto internacional?
Não existe. Esse negócio da ONU, vamos ter claro o seguinte: A ONU não pode ter como secretário geral um político. Tem que ter um burocrata do sistema porque, caso contrário você entra em confronto com os outros presidentes. Vamos melhorar a ONU, mas acho que a burocracia tem de continuar existindo para continuar mantendo uma certa harmonia. Eu tenho muita vontade de trabalhar um pouco a experiência acumulada no Brasil tanto para a África quanto para a América Latina. Não tenho projetos. Só penso agora em terminar o mandato e animar os meus ministros porque vai chegando o final do mandato e, sabe aquele negócio, vai dando 2h da manhã você está num baile e já começa a procurar uma cadeira para sentar#eu quero que todo mundo continue animado e dançando porque eu quero continuar muito bem até 31 de dezembro. A imagem que eu quero deixar minha no governo é de que trabalhamos até a véspera do minuto do dia primeiro. Vou sair do governo com a consciência tranquila, vou continuar andando pelo país muito, vou continuar visitando o país, vou ver o que fiz o que não fiz.
E 2014 está aí, presidente...
Eu não trabalho com essa hipótese. Em política, é ruim porque nem posso discordar e nem posso dizer#eu diria que a probabilidade é de não existir 2014 porque quero que minha candidata ganhe. E, se eu quero que ela ganhe, ela tem direito à reeleição. O país está vivendo um momento glorioso, estamos longe de ter um país dos nossos sonhos, mas estamos vivendo um país que há muitas décadas não vivíamos. Só quero que as coisas melhorem. Eu vou mostrar que um ex-presidente não pode ser mesquinho. Não pode ficar torcendo pelo fracasso do outro, não pode ficar dando palpite.
O senhor fala de Fernando Henrique?
Tomei como decisão fazer comparação, tinha que ter uma referência. Qual era minha referência? Era tudo que encontrei. Aí, obviamente, ele deve ter se incomodado demais.
E o PAC 2 não vai dar tempo de ser iniciado nesse mandato, presidente...
O PAC 2 não foi lançado para se fazer nesse governo. Eu estava vendo alguns governos dizer, eu vi até o Aécio dizendo, que as obras prioritárias de Minas vou passar para o Serra (José Serra), veja: as obras prioritárias de cada estado serão definidas por cada estado. Não éo governo quem vai decidir qual é a rodovia, qual é a ferrovia. Por que eu tive que fazer o PAC 2? Para facilitar a vida de quem vai entrar depois de mim. Se não quiser fazer, não faça. Foi eleito presidente, tem o direito de pegar tudo rasgar e não fazer. O que eu quero? Quero deixar uma prateleira de projetos que não recebi. Quis deixar a estrutura semeada. O PAC vai ser construído com os prefeitos e vamos colocar mais dinheiro nas periferias para evitar as coisas que aconteceram no Rio de Janeiro, porque a gente fica culpando a chuva, mas quem era administrador há 20, 30 anos quando deixou as pessoas irem morar no lixão? Quem eram os senhores governantes nesse país? A gente culpa a chuva, mas todo mundo sabe que quem está morando na beira do córrego vai sofrer mais, alguém na beira do morro vai ter desmoronamento. Será que ninguém viu?
Serra no SBT
SÃO PAULO - O pré-candidato à Presidência José Serra (PSDB) contestou nesta quarta-feira, 21, as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à política externa "vira-latas" adotada por governos anteriores. Em entrevista ao Jornal do SBT, ele afirmou que a quebra de patentes da indústria farmacêutica na sua época de ministro da Saúde "foi a maior vitória diplomática dentro de um conflito que o Brasil já teve". "A questão não é assim, branca e preta", ressaltou.
Serra evitou falar sobre um eventual papel do ex-governador de Minas Gerais e pré-candidato ao Senado Aécio Neves (PSDB) na chapa tucana. "Vamos à batalha eleitoral juntos. Aécio é um homem muito bem avaliado", resumiu.
O pré-candidato também reforçou que irá manter o programa Bolsa-Família se eleito presidente. "Vamos reforçá-lo com questões de preparação. Temos que avançar, de forma que permita que um dia as pessoas tenham o seu rendimento", afirmou.
Indagado sobre o avanço da violência, Serra destacou que o governo federal "tem que entrar de corpo e alma na questão de segurança". "Tem que ter uma ação muito mais forte. Ao lado da saúde, é a questão mais importante", disse. Sobre a gestão da saúde no atual governo, o tucano também não poupou críticas: "Nos últimos anos a saúde não foi para frente como deveria."
Serra disse ainda ser contra a atual carga tributária do País. "É imposto demais e juros elevados". O pré-candidato falou em reduzir os tributos, e citou a Nota Fiscal Paulista como exemplo de ação a ser tomada no governo.
MST
Questionado sobre qual tratamento daria às invasões de terra, o tucano disse que "quem decide sobre a questão é o judiciário", mas atacou o Movimento Sem Terra (MST). "O MST hoje vive de dinheiro governamental. Acho que a reforma agrária deles é pretexto. Quero uma reforma agrária para valer, que é gente produzindo cada vez mais e com terra."
Estadão on line
Só 35% querem total continuidade do governo Lula
A pesquisa Ibope indagou ainda o que os eleitores gostariam que o próximo presidente fizesse. Do total de entrevistados, 35% querem a total continuidade da atual administração, 30% desejam pequenas mudanças com continuidade, 24% querem a manutenção de apenas alguns programas com muitas mudanças e 9% desejam a mudança total do governo do País.
Com informações de Gustavo Uribe, da Agência Estado
Com informações de Gustavo Uribe, da Agência Estado
Pesquisa Ibope mostra Serra com 36% e Dilma com 29%
Diferença entre tucano e petista oscilou de cinco para sete pontos percentuais em relação à última pesquisa
Uma nova pesquisa Ibope encomendada pelo jornal Diário do Comércio aponta variação positiva de dois pontos porcentuais à favor do pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, em relação à sua principal adversária, a petista Dilma Rousseff. O levantamento, feito entre os dias 13 e 18 de abril, mostra o tucano com 36% das intenções de voto, sete à frente da petista, que seria a escolhida por 29% do eleitorado. No ultimo levantamento, a diferença era de 5 pontos.
Em terceiro lugar estão empatados o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) e a senadora Marina Silva (PV-AC), com 8% das intenções de voto cada um. A porcentagem de votos em branco e nulos somou 10% e os que disseram não saber em quem votarão atingiram 9%.
Na simulação de um eventual segundo turno entre os pré-candidatos do PSDB e do PT, Serra lidera com 46% e Dilma tem 37%. A maior rejeição apontada pela pesquisa é de Ciro, com 48%, seguido de Marina, com 43%, Dilma, com 34%, e Serra, com 32%.
No cenário sem Ciro, a pesquisa Ibope/Diário do Comércio aponta Serra com 40%, Dilma com 32%, Marina com 9%, branco e nulos 11% e não sabem ou não opinaram, 9%.
Estadão on line
Uma nova pesquisa Ibope encomendada pelo jornal Diário do Comércio aponta variação positiva de dois pontos porcentuais à favor do pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, em relação à sua principal adversária, a petista Dilma Rousseff. O levantamento, feito entre os dias 13 e 18 de abril, mostra o tucano com 36% das intenções de voto, sete à frente da petista, que seria a escolhida por 29% do eleitorado. No ultimo levantamento, a diferença era de 5 pontos.
Em terceiro lugar estão empatados o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) e a senadora Marina Silva (PV-AC), com 8% das intenções de voto cada um. A porcentagem de votos em branco e nulos somou 10% e os que disseram não saber em quem votarão atingiram 9%.
Na simulação de um eventual segundo turno entre os pré-candidatos do PSDB e do PT, Serra lidera com 46% e Dilma tem 37%. A maior rejeição apontada pela pesquisa é de Ciro, com 48%, seguido de Marina, com 43%, Dilma, com 34%, e Serra, com 32%.
No cenário sem Ciro, a pesquisa Ibope/Diário do Comércio aponta Serra com 40%, Dilma com 32%, Marina com 9%, branco e nulos 11% e não sabem ou não opinaram, 9%.
Estadão on line
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Quem é Marcelo Branco, aquele que fez a Globo tirar a Campanha dos 45 anos do ar
Quem esclarece é Reinaldo Azevedo. Leia
Marcelo Branco, o coordenador da campanha do PT na Internet, sob as ordens duzamericânu, mobilizou os seus “camaradas” na rede para espalhar a tese conspiratória de que o jingle de comemoração dos 45 anos da Globo traz uma mensagem subliminar de apoio à candidatura do tucano José Serra. Segundo diz, “eu [ele] e toda a rede” acham isso. Branco é aquele senhor cabeludo de uns 50 (e poucos) que se veste como se tivesse 15 para ver se disfarça numa juventude inexistente a sua larguíssima experiência em assuntos que remetem a um Brasil podre de velho.
Antes que eu lembre quem é Branco — vocês vão se surpreender que a questão tenha sido até agora omitida na grande imprensa —, observo que estamos diante de um método clássico do petismo, também ele muito velho. Algumas considerações:
1 - Nada serve tanto para enganar trouxas quanto lançar teorias conspiratórias. Por quê? Porque elas se alimentam da ausência de provas, não de uma fartura delas;
2 - O PT acusa sistematicamente os veículos de comunicação de apoiarem seus adversários. A aposta é que eles se esforcem para provar o contrário, dando, então, oportunidades especiais ao PT. A tática tende a funcionar porque os petistas, como é óbvio e sabido, estão infiltrados na grande imprensa. A pressão “vem de fora”, e eles a “repercutem” internamente;
3 - No caso, o objetivo é fazer a Globo mudar a campanha. Se ela o fizer, ficaria, então, comprovada a campanha subliminar, e a emissora passaria a ser devedora do PT.
De volta a Branco
BRANCO SABE MUITO BEM O QUE FAZ PORQUE ELE JÁ SABE O QUE FEZ. Esse coroa em roupas juvenis parece ter baixado do nada na campanha do PT: dele se falou que era representante da Associação Software Livre e coordenador da Campus Party no Brasil. Só isso? Não! Branco era e é muito mais. Lembram-se daquela escandalosa valorização de ações da Telebras? Eu refresco a memória de vocês com trechos de uma reportagem de Marcio Aith e Julio Wiziack, na Folha do dia 18 de fevereiro. Leiam com atenção:
Declarações sem confirmação oficial e rumores sobre a criação de uma estatal para vender serviços de acesso à banda larga inflaram em 35.000% as ações da Telebrás desde 2003, sem que, no período, nada tenha acontecido. A valorização se baseou na suposição, até hoje não transformada em realidade, de que a Telebrás será reativada na implantação do PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) - um projeto do governo para levar o acesso à internet a 68% dos domicílios brasileiros até 2014.
A Folha apurou que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) faz, desde 2008, uma ampla investigação sobre o assunto, por meio de uma equipe que inclui não só fiscais do órgão como procuradores. Em dezembro de 2002, o lote de mil ações ordinárias da Telebrás valia R$ 0,01. No dia 8 de fevereiro passado, ela foi negociada a R$ 2,95 (variação nominal de 29.000% ou de 35.000% -considerando dividendos e juros sobre o capital próprio, segundo a Economática).
(…)
o valor de mercado das ações ordinárias da companhia saltou de R$ 3,4 milhões (custo do camarote expresso 2222, no Carnaval de Salvador) para R$ 2,6 bilhões (…)
E Branco com isso?
Ele aparece aqui:
Dois episódios retratam a forma como os papéis da empresa se valorizaram. No último dia 2, o representante da Associação Software Livre, Marcelo Branco, usou o Twitter para divulgar, em tempo real, um encontro fechado entre o presidente Lula e entidades da sociedade civil interessadas no assunto. Dizendo-se autorizado pelo Planalto a usar um telefone no encontro, Branco relatou, citando palavras do próprio presidente Lula, nunca desmentidas pelo palácio, que a Telebrás seria, sim, reativada, na esteira do PNBL. Credita-se às “tuitadas” de Branco uma valorização de 33% em apenas dois dias.
Voltei
Entenderam quem é Marcelo Branco? Viram como ele não se tornou o “coordenador da campanha de Dilma na Internet”, prestando serviços como esse que vemos, por acaso? Como se diz em Goiás, de “bobo, esse cara só tem o andado”. Mas ainda falta lembrar mais uma coisinha. Ao investigar o assunto, os repórteres descobriram um pouco mais:
O ex-ministro José Dirceu recebeu pelo menos R$ 620 mil do principal grupo empresarial privado que será beneficiado caso a Telebrás seja reativada, como promete o governo.
O dinheiro foi pago entre 2007 e 2009 por Nelson dos Santos, dono da Star Overseas Ventures, companhia sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal no Caribe. Dirceu não quis comentar, e Santos declarou que o dinheiro pago não foi para “lobby”.
Tanto a trajetória da Star Overseas quanto a decisão de Santos de contratar Dirceu, deputado cassado e réu no processo que investiga o mensalão, expõem a atuação de uma rede de interesses privados junto ao governo paralelamente ao discurso oficial do fortalecimento estatal do setor.
Vai ver a TV Globo deveria comemorar os seus 45 anos só no ano que vem, para não melindrar o PT…
Como se nota acima, é natural que, com essa biografia, Marcelo Branco passe a acusar os outros de conspiração.
Marcelo Branco, o coordenador da campanha do PT na Internet, sob as ordens duzamericânu, mobilizou os seus “camaradas” na rede para espalhar a tese conspiratória de que o jingle de comemoração dos 45 anos da Globo traz uma mensagem subliminar de apoio à candidatura do tucano José Serra. Segundo diz, “eu [ele] e toda a rede” acham isso. Branco é aquele senhor cabeludo de uns 50 (e poucos) que se veste como se tivesse 15 para ver se disfarça numa juventude inexistente a sua larguíssima experiência em assuntos que remetem a um Brasil podre de velho.
Antes que eu lembre quem é Branco — vocês vão se surpreender que a questão tenha sido até agora omitida na grande imprensa —, observo que estamos diante de um método clássico do petismo, também ele muito velho. Algumas considerações:
1 - Nada serve tanto para enganar trouxas quanto lançar teorias conspiratórias. Por quê? Porque elas se alimentam da ausência de provas, não de uma fartura delas;
2 - O PT acusa sistematicamente os veículos de comunicação de apoiarem seus adversários. A aposta é que eles se esforcem para provar o contrário, dando, então, oportunidades especiais ao PT. A tática tende a funcionar porque os petistas, como é óbvio e sabido, estão infiltrados na grande imprensa. A pressão “vem de fora”, e eles a “repercutem” internamente;
3 - No caso, o objetivo é fazer a Globo mudar a campanha. Se ela o fizer, ficaria, então, comprovada a campanha subliminar, e a emissora passaria a ser devedora do PT.
De volta a Branco
BRANCO SABE MUITO BEM O QUE FAZ PORQUE ELE JÁ SABE O QUE FEZ. Esse coroa em roupas juvenis parece ter baixado do nada na campanha do PT: dele se falou que era representante da Associação Software Livre e coordenador da Campus Party no Brasil. Só isso? Não! Branco era e é muito mais. Lembram-se daquela escandalosa valorização de ações da Telebras? Eu refresco a memória de vocês com trechos de uma reportagem de Marcio Aith e Julio Wiziack, na Folha do dia 18 de fevereiro. Leiam com atenção:
Declarações sem confirmação oficial e rumores sobre a criação de uma estatal para vender serviços de acesso à banda larga inflaram em 35.000% as ações da Telebrás desde 2003, sem que, no período, nada tenha acontecido. A valorização se baseou na suposição, até hoje não transformada em realidade, de que a Telebrás será reativada na implantação do PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) - um projeto do governo para levar o acesso à internet a 68% dos domicílios brasileiros até 2014.
A Folha apurou que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) faz, desde 2008, uma ampla investigação sobre o assunto, por meio de uma equipe que inclui não só fiscais do órgão como procuradores. Em dezembro de 2002, o lote de mil ações ordinárias da Telebrás valia R$ 0,01. No dia 8 de fevereiro passado, ela foi negociada a R$ 2,95 (variação nominal de 29.000% ou de 35.000% -considerando dividendos e juros sobre o capital próprio, segundo a Economática).
(…)
o valor de mercado das ações ordinárias da companhia saltou de R$ 3,4 milhões (custo do camarote expresso 2222, no Carnaval de Salvador) para R$ 2,6 bilhões (…)
E Branco com isso?
Ele aparece aqui:
Dois episódios retratam a forma como os papéis da empresa se valorizaram. No último dia 2, o representante da Associação Software Livre, Marcelo Branco, usou o Twitter para divulgar, em tempo real, um encontro fechado entre o presidente Lula e entidades da sociedade civil interessadas no assunto. Dizendo-se autorizado pelo Planalto a usar um telefone no encontro, Branco relatou, citando palavras do próprio presidente Lula, nunca desmentidas pelo palácio, que a Telebrás seria, sim, reativada, na esteira do PNBL. Credita-se às “tuitadas” de Branco uma valorização de 33% em apenas dois dias.
Voltei
Entenderam quem é Marcelo Branco? Viram como ele não se tornou o “coordenador da campanha de Dilma na Internet”, prestando serviços como esse que vemos, por acaso? Como se diz em Goiás, de “bobo, esse cara só tem o andado”. Mas ainda falta lembrar mais uma coisinha. Ao investigar o assunto, os repórteres descobriram um pouco mais:
O ex-ministro José Dirceu recebeu pelo menos R$ 620 mil do principal grupo empresarial privado que será beneficiado caso a Telebrás seja reativada, como promete o governo.
O dinheiro foi pago entre 2007 e 2009 por Nelson dos Santos, dono da Star Overseas Ventures, companhia sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal no Caribe. Dirceu não quis comentar, e Santos declarou que o dinheiro pago não foi para “lobby”.
Tanto a trajetória da Star Overseas quanto a decisão de Santos de contratar Dirceu, deputado cassado e réu no processo que investiga o mensalão, expõem a atuação de uma rede de interesses privados junto ao governo paralelamente ao discurso oficial do fortalecimento estatal do setor.
Vai ver a TV Globo deveria comemorar os seus 45 anos só no ano que vem, para não melindrar o PT…
Como se nota acima, é natural que, com essa biografia, Marcelo Branco passe a acusar os outros de conspiração.
domingo, 18 de abril de 2010
Com a casa em ordem, Serra vai à luta.
Depois de unificar o PSDB em torno da sua candidatura, José Serra começa a pavimentar o caminho rumo ao seu objetivo: liderar o Brasil na era pós-Lula
Ungido há menos de dez dias candidato oficial do PSDB à Presidência da República, José Serra não poderia encontrar ambiente mais propício para iniciar sua campanha. Duas novidades contribuem para isso. A primeira é que os tucanos estão animadíssimos – o que havia muito tempo não ocorria. Desde 2003, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso colocou a faixa presidencial no pescoço do petista Luiz Inácio Lula da Silva, os militantes do PSDB passaram a amargar uma espécie de fossa de fundo existencial. A saída do poder jogou o partido numa crise de identidade em que ninguém sabia ao certo que bandeiras defender ou que líderes seguir. Na semana passada, o PSDB parecia ter reencontrado o seu eixo. Ao barulhento lançamento da candidatura de Serra, acorreram mais de 6 000 militantes do partido. Vindos de todos os estados, carregavam bandeiras, espremiam-se uns contra os outros e cantavam sem parar no amplo auditório alugado pela sigla. A maioria usava camisetas nas cores azul e amarelo, algumas com inscrições como "temos orgulho do que criamos". Era um clima diametralmente oposto ao registrado nos últimos encontros do partido. O motivo da animação é que o PSDB, finalmente, tem um projeto definido, aprovado e defendido por todos na sigla: eleger José Serra presidente da República. E eis aí o segundo elemento a pavimentar o caminho de Serra nessa campanha. Seu partido vai unido para a briga. E isso, tratando-se de PSDB, é outra grande novidade.
O próprio Serra é o maior responsável pela unificação do partido. Nas duas últimas eleições presidenciais, o PSDB marchou dividido. Em 2002, a primeira candidatura de Serra à Presidência só se consolidou ao custo de engalfinhamentos com tucanos diversos, como o ex-ministro Paulo Renato e o senador Tasso Jereissati. Em 2006, Geraldo Alckmin foi o escolhido – mas também só depois de emparedar Serra e toda a cúpula de seu partido. Essas contendas internas costumavam causar fraturas que custavam a cicatrizar. Como resultado, cada um remava para um lado e o barco tucano não saía do lugar. Desta vez, a situação é outra. Serra impôs sua ascendência de forma natural. Depois de passar pelo governo Fernando Henrique, pela prefeitura e pelo governo de São Paulo, ele é hoje reconhecido por seus pares como o mais preparado entre os tucanos para enfrentar o desafio de presidir o país. O ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves, que também sonhava em se lançar na disputa pelo Planalto, abriu-lhe passagem, no fim do ano passado, num gesto maduro e generoso. Na festa de lançamento de Serra, foi Aécio o autor do discurso mais inflamado do dia em defesa do candidato. Os tucanos que ainda sonham ver o mineiro candidato a vice-presidente na chapa do partido quase levitaram.
No discurso com o qual se lançou, Serra refutou a narrativa petista de que o Brasil só começou a ser construído em 2003, com a chegada de Lula ao poder. Disse que o momento positivo que o Brasil vive hoje se deve às conquistas obtidas por toda a sociedade desde o fim do regime militar, sobretudo à Constituição de 1988. Criticou a política externa brasileira e a sua inclinação para sustentar regimes autoritários, como os de Cuba e do Irã, e reservou boa parte da fala para condenar a estratégia petista de estimular uma disputa entre pobres e ricos na sociedade. "Não aceito o raciocínio do nós contra eles. Não cabe na vida de uma nação. Somos todos irmãos na pátria. Lutamos pela união dos brasileiros, e não pela sua divisão", disse. O tucano também criticou o modo petista de governar, abrigando apaniguados em todas as engrenagens da máquina pública: "O Brasil pertence aos brasileiros que não dispõem de uma ‘boquinha’, que exigem ética na vida pública porque são decentes, que não contam com um partido ou com alguma maracutaia para subir na vida". Por fim, repisou o slogan que deverá dar o tom da sua campanha, "O Brasil pode mais". Serra está decidido a sublinhar suas diferenças em relação ao PT, mas sabe que não levará vantagem colocando-se como o "candidato da mudança", como fez Lula em 2002 ou Barack Obama, nos Estados Unidos, em 2008. Por isso, pretende insistir no raciocínio segundo o qual o Brasil melhorou muito desde a redemocratização, e ele, José Serra, é o mais preparado para dar continuidade a esse ciclo virtuoso.
Na forma, o discurso do ex-governador de São Paulo foi sensivelmente diferente daquele que ele proferiu em 2002, na primeira vez em que se candidatou a presidente. Naquela ocasião, ainda ministro da Saúde, discorreu de forma técnica e preocupou-se, sobretudo, em elencar seus feitos como homem público. Desta vez, preferiu apelar para a emoção: "Venho hoje, aqui, falar do meu amor pelo Brasil; falar da minha vida; falar da minha experiência; falar da minha fé; falar das minhas esperanças no Brasil", disse. Segundo três linguistas consultados por VEJA, ao entrelaçar sua história pessoal à do país, ele se aproxima de seus ouvintes. O uso mais frequente de metáforas e imagens, afirmam os especialistas, ajuda a produzir o mesmo efeito. "Num determinado trecho, ele diz que governos, como as pessoas, têm alma. A personificação é eficaz porque as pessoas compreendem o mundo em grande parte através de referências físicas", explica Lilian Ferrari, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Um estudo americano, publicado em 2001 na Administrative Science Quarterly, analisou discursos de presidentes americanos, de George Washington a Ronald Reagan, e descobriu que o carisma atribuído a um político está diretamente relacionado ao número de palavras de um determinado gênero que ele usa em seus discursos. Aquelas que evocam imagens, sons, gostos e outras sensações, diz o estudo, atingem mais fácil e imediatamente os ouvintes do que as que exprimem conceitos. Assim, "suor" é mais eficaz do que "esforço" e "mão" é mais forte do que "ajuda". Serra parece ter aprendido a lição.
Embora esteja bem posicionado nas pesquisas, o candidato tucano tem a clara noção de que o mapa eleitoral brasileiro neste momento é muito mais favorável para ele nas regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste do que no Norte e no Nordeste, onde sua principal adversária, Dilma Rousseff, deve levar a melhor. Foi por isso que o primeiro estado visitado por Serra após o lançamento da sua campanha foi a Bahia. No Mercado Modelo de Salvador, ele cantou versos de Ataulfo Alves numa roda de samba ("Atire a primeira pedra, ai, ai, ai, aquele que não sofreu por amor"), amarrou uma fitinha de Nosso Senhor do Bonfim no pulso e abraçou quem passou pela sua frente. Um candidato em estado puro. Para aumentar sua massa de eleitores no Norte e no Nordeste, Serra conta com bons palanques estaduais. Ele terá, ao contrário do que ocorreu com Geraldo Alckmin em 2006, diversos candidatos competitivos disputando o cargo de governador a lhe dar sustentação nessa empreitada.
"Eu me preparei a vida inteira para ser presidente"
Aos 68 anos de idade, o economista e ex-deputado, ex-senador, ex-prefeito e ex-governador de São Paulo José Serra parte para a sua segunda tentativa de chegar à Presidência da República. A VEJA, ele falou dos motivos que o levaram a candidatar-se e do país que sonha em construir, caso vença: em síntese, um país que ofereça às pessoas oportunidade de crescimento. Oportunidade que, no caso dele, poderia ter faltado não fossem os esforços do pai, comerciante. "Ele carregava caixas de frutas no Mercado Municipal para que um dia eu pudesse carregar caixas de livros", diz. Foi na sala que abriga alguns deles, parte de uma biblioteca pessoal de 10 000 volumes, que José Serra concedeu a seguinte entrevista.
Por que o senhor quer ser presidente da República?
Porque eu creio que o Brasil pode avançar mais, o Brasil pode mais, e eu me sinto preparado para isso. Eu me preparei a vida inteira para ser presidente.
O senhor sempre teve vontade de ser presidente?
Evidentemente, ser ou não presidente não é uma escolha sua, não depende apenas de uma decisão. Mas, desde a primeira adolescência, sempre tive vontade de me envolver na vida pública. Eu me lembro de um episódio curioso – e não quero aqui parecer pretensioso. Na 4a série do ginásio, eu tinha um professor de latim que se incomodava e, ao mesmo tempo, se divertia com o fato de eu ser muito barulhento nas aulas. Um dia, ele olhou para mim e disse aos colegas: "Esse aqui, o senhor Serra, vai ser político no futuro, e ele é quem vai mandar. Ele vai mandar em todos vocês aqui". Eu tinha uns 14 anos. Os colegas, claro, ficaram me caçoando, e eu mesmo fiquei embaraçado. Mas o fato é que foi uma observação que eu guardei para o resto da vida.
Desde que o senhor entrou para a vida pública, há alguma convicção que a experiência tenha modificado?
A minha experiência de governo, nos vários governos, me possibilitou conhecer o essencial de diversas áreas e também me ajudou a entender por que, algumas vezes, as coisas não acontecem. Por exemplo: se você deixar a rédea solta, elas não acontecem.
O senhor tem fama de centralizador. De onde ela vem?
Ela é errada. Uma coisa que eu aprendi ao longo das minhas experiências foi descentralizar: formar boas equipes, permitir que os diferentes integrantes tenham liberdade para trabalhar na formação das suas próprias subequipes e também evitar antagonismos. Para mim, é inconcebível a ideia de colocar um sujeito que pensa "x" e trazer outro que pensa "y" para, nessa divisão, eu arbitrar. Isso não existe comigo. Mas eu cobro muito, até porque tenho uma memória praticamente impecável em matéria de ações, de trabalho. E o computador acrescentou uma agilidade à cobrança que antes não dava para ter. Quando eu era ministro da Saúde, durante a noite eu escrevia bilhetes, a mão mesmo, com cobranças para A, B e C. No fim, dava um volume que tinha de ir dentro de uma caixa. Eu grampeava tudo, mandava para a secretária, e ela despachava. Hoje, com o e-mail, você escreve a um secretário: "E aí?". Ou: "E a ciclovia?", por exemplo. Com três palavras você se faz entender. Basta mandar um e-mail desses dia sim, dia não para que, dessa forma, as coisas andem.
Como o senhor pretende orientar a formação de sua equipe ministerial, caso seja eleito?
Eu consegui, na prefeitura e no estado, formar equipes sem indicações de vereadores, de deputados ou de partidos. As pessoas que vieram de outros partidos foram pessoas escolhidas por mim. Não existe isso de "tal setor nomeia tal cargo". Essa vai ser a orientação. Não é que não vai ter político, mas tem de ser um político apto para aquela função.
E como, então, o senhor fará o jogo político? Como fará para ter uma base forte no Congresso?
Através do Orçamento. Ao contrário do que se acredita, 90% das emendas que os parlamentares apresentam são boas. E você pode inclusive orientar. Dizer, por exemplo: "Quem fizer emendas para concluir obras terá prioridade sobre os que fizerem emendas para começar obras". Isso funciona, porque o que o parlamentar quer é aprovar a emenda e satisfazer sua base eleitoral. Não é só no Brasil que é assim, é no mundo inteiro – até nos países mais arrumadinhos. E esse é o melhor caminho para formar a unidade com o Legislativo. Outra coisa importante: nenhum grupo de deputados nomeia diretor de empresa pública. Nenhum. Isso porque, para um deputado, a pior coisa que pode acontecer não é ele não nomear: é o outro nomear e ele não. Tem de ter isonomia.
Quais serão suas prioridades na economia?
Eu tenho claríssima a prioridade que deve ser dada à área produtiva, à indústria. Até algum tempo atrás, vigorou o pensamento de que se deveria estimular só o setor de serviços. Isso é uma bobagem. O Brasil não pode voltar a ser uma economia primária exportadora. Isso não criaria empregos para 200 milhões de pessoas.
Por que os banqueiros gostam de falar mal do senhor?
Se falam, não chegou a mim. Eu acho que é importante para o Brasil ter um sistema financeiro sólido, e batalhei muito por isso. Na Constituinte, havia propostas de proibir bancos com capital estrangeiro de operar no Brasil e até de proibir bancos nacionais – ou seja, queriam liberar apenas os bancos locais. Eu ajudei a derrubar as duas propostas. E estava no governo quando foi feito o Proer, que realmente deu solidez ao sistema financeiro – solidez que permitiu, inclusive,
o enfrentamento da crise atual. Agora, quanto a custos, taxas de juros, essas são questões operacionais de um governo. E aí eu tenho uma visão de que é essencial para o Brasil ter um sistema financeiro que empreste bastante, e empreste a custos suportáveis para as pessoas e para a área privada. Isso é uma meta. Em suma, quero dizer o seguinte: como ajudei a erguer
a mesa, jamais a viraria. As pessoas do sistema financeiro que realmente me conhecem sabem disso.
O senhor, caso seja eleito, vai encontrar um Brasil que avançou na área social, mas que ainda tem carências sérias...
Eu acho que o Brasil avançou muito nos últimos 25 anos. Nós afirmamos uma democracia de massas, com uma Constituição que pode ter os seus problemas, mas que enfatizou como nunca as liberdades civis e políticas. Conseguimos acabar com a superinflação, avançar no combate à pobreza, consolidar o SUS, a inclusão educacional e até retomar o crescimento econômico. Não foi um desempenho brilhante, se você o comparar com o da Índia ou o da China, mas foi um desempenho razoável em relação ao dos países desenvolvidos. Agora, isso significa que as coisas estão resolvidas? Não. No que se refere ao crescimento, nós precisamos de infraestrutura. As carências nessa área são dramáticas e representam um gargalo para o nosso desenvolvimento.
E do ponto de vista da economia?
Há, nesse sentido, um desequilíbrio externo que vem se agravando pelo lado da balança comercial e do déficit em conta-corrente. Claro, nós temos reservas e temos tido entrada de capital, mas nove entre dez economistas se preocupariam com esse crescimento rápido do déficit externo. A eficiência da ação governamental, ou seja, a capacidade de fixar metas e de cumpri-las, é outro dado que preocupa. Ela ainda é baixa no Brasil. O grande loteamento político que foi feito resultou no aparelhamento de toda a esfera do setor público. Em relação às áreas sociais, há uma necessidade desesperada de avançar no campo educacional, no campo da saúde, que semiestagnou, e no campo da segurança – uma área em que, indiscutivelmente, o governo federal tem de se envolver mais. Até porque boa parte do crime organizado no
Brasil se alimenta de armas e drogas que vêm sob a forma de contrabando, e combater isso é uma tarefa essencialmente federal.
No governo estadual, o senhor conseguiu aumentar o investimento e reduzir a relação entre a dívida e a receita, sem elevar impostos. E no governo federal, dá para aplicar a mesma receita?
Não só dá como será feito. O enfrentamento dessa questão se dá, como se deu em São Paulo, pelo aumento da arrecadação via combate à sonegação, e não pelo aumento da carga nominal de impostos. O corte de custos e de desperdícios aqui também teve um papel imenso.
Como é possível cortar gastos no governo federal?
Você revisa o preço de todos os contratos, para começo de conversa. Mas é preciso também ter novas formas de gestão. É crucial introduzir o fator mérito nas remunerações, por exemplo. Isso tem dado certo em São Paulo. A ideia geral é cortar desperdícios, reduzir custos e selecionar as prioridades. Com isso, você faz mais e melhores investimentos.
O PT tentará transformar esta eleição numa comparação dos governos Lula e Fernando Henrique. Como o senhor vê essa estratégia?
Eu acho que a eleição tem a ver com o futuro, não com o passado. É assim que a população vai julgar. De toda forma, o governo FHC acabou, e agora será julgado pelos historiadores. Assim como os governos anteriores. Assim como o de Lula será julgado um dia, quando o peso do poder dele não mais puder interferir. E aí veremos o que a história dirá de cada um. É espantosa a quantidade de energia que o PT gasta para falar mal do Fernando Henrique. Quando são aliados deles, como o Sarney e o Collor, só elogiam. Quando são adversários, atacam sem limites. Ou seja, não é uma avaliação honesta. É enviesada. Eu fui ministro de FHC e fui aprovado na função. Tanto que depois disso me elegi prefeito de São Paulo e governador de São Paulo. Agora, todos sabem que eu não sou FHC, sou José Serra. Isso parece incomodar o PT, mas é a realidade.
E quanto à reeleição? O senhor é mesmo contrário a ela?
Eu sou contrário. A minha proposta de reforma política incluirá o fim da reeleição no Brasil.
Qual será a prioridade zero do seu governo?
A essência do governo, como orientação para o Brasil, precisa ser a de oferecer uma maior abertura de oportunidades para a população. O povo brasileiro quer é ter oportunidade na vida: estudo, boa saúde, emprego para os jovens, acesso a bens culturais e de lazer. Nasci e fui criado num bairro operário de São Paulo. Eu me lembro de todos os meus amigos, de criancinha ou de adolescente, que não puderam estudar porque tinham de sustentar a família, ou que não tinham ambiente familiar porque o pai era alcoólatra ou eles tinham muitos irmãos... Por que eu consegui estudar e chegar ao que sou, estudando em escola pública? A explicação é muito simples: porque eu era filho único. Se eu tivesse quatro irmãos, como a maioria, quando chegasse ao ginásio, teria de trabalhar para eles poderem ir à escola. Então, o que o povo brasileiro quer não é muito, é oportunidade.
Qual seria a frase que o definiria?
"Na vida, ninguém fracassa tanto quanto acredita nem tem todo o sucesso que imagina", de Joseph Rudyard Kipling, via Jorge Luis Borges. Trata-se de uma reflexão que levo muito em conta – minha vida, aliás, é uma ilustração disso. Tê-la em mente permite que sejamos mais humildes nas vitórias e mais altivos nas derrotas. E há uma frase que complementa essa: "O único limite às nossas realizações futuras são as nossas dúvidas no presente. Vamos adiante com fé", do presidente americano Franklin Delano Roosevelt. Para mim, a política não é a arte do possível, mas a arte de ampliar os limites conhecidos do possível.
sábado, 17 de abril de 2010
Descontruindo Dilma 8. Agora, na sua "segunda pátria"
Mais uma de Celso Arnaldo, no blog do Augusto Nunes
Depois de sorrir ao lado do túmulo de Tancredo Neves, arrumar confusão com Hélio Costa em Belo Horizonte, rebaixar todos os exilados a poltrões e colocar em pé de guerra a família Gomes no Ceará, Dilma Rousseff baixou no Rio Grande do Sul decidida a ficar um pouco pior no retrato. Foi capturada por Celso Arnaldo no trecho do Discurso sobre o Nada que provoca os gaúchos com a tese de que Dilma Rousseff reencarnou nos pampas. Confira:
Justiça seja feita: Dilma, que se diz mineira de nascimento e gaúcha por (de)formação, não privilegia Minas ou Rio Grande do Sul ─ sua segunda pátria, como se verá adiante - na hora de falar bobagem. O estado de permanente ignorância de Dilma, que é seu verdadeiro estado, foi dividido irmanamente esta semana entre as duas “unidades da Federação”, como ela gosta de dizer em seus discursos.
Depois de pisotear o túmulo de Tancredo em São João del-Rey, Dilma esteve ontem em Porto Alegre, para fazer “palestra” na Fiergs, acompanhar a filha num exame de ultrassom e dar várias entrevistas à mídia gaúcha.
Esta foi ao site do jornal Zero Hora. Logo na primeira pergunta do vídeo ─ sobre a relação de Dilma com Lula ─ as jovens repórteres Rosane de Oliveira e Dione Kuhn, meio sem querer, obtiveram uma resposta que começa, enfim, a desvendar os bastidores do governo Lula e da sucessão presidencial:
“Nós temos uma longa caminhada juntos, né? A nossa relação é como uma relação que qualquer pessoa tem com uma pessoa que ela priva da intimidade, né? Ele pode falá coisas pra mim porque ele me conhece, ele sabe cumé que eu sou, ele não vai falar coisas desnecessárias pra mim”.
Tipo o que ele fala, candidata?
Dilma dá dois exemplos da sabedoria do mestre shaolin “Nove dedos ao Luar de Garanhuns”:
“Olha, a campanha é uma corrida de longa distância”
“Mas não acredita, uma parte a gente tem de ter o couro duro”.
Enigmático, o mestre. É para não acreditar em quê, exatamente? E o couro duro pra que parte é?
Mas essa pílula do mestre supremo Dilma tirou de letra:
“Ele sabe que eu tenho o couro duro, né? Não participei do governo esse tempo todo com o couro leve, né, que senão desmaiava. A primeira crítica a gente ficava estatelada. Inclusive é bom porque cê acostuma com a critica, a recebê o que tem de recebê, ficá com a orelha em pé.”
Nesses sete anos em que Dilma, de orelha em pé, recebeu o que tinha de receber, incluindo o jeton de 76 mil reais mensais para se sentar uma vez por mês à cabeceira do Conselho de Administração da Petrobras (Petro=Petróleo; Brás=Brasil), foi o couro duro que comeu? Ou foi o leve?
O assunto seguinte foram as recentes pesquisas de opinião ─ sobretudo a do Instituto Sensus ─ que igualam Dilma a Serra em nível nacional:
“Tanto pu bem quanto pu mal, pesquisa retrata o momento. Num pode, cê num pode olhá uma pesquisa e falá: bom, fechou a boca do jacaré, empatou e tá tudo muito bem. Num é possível uma coisa dessas”.
O “fechou a boca do jacaré” é acompanhada por um delicado gesto de mordida, com as pontas do polegar e do indicador. Bem que as pessoas acharam essa pesquisa do Sensus meio ambígua, meio anfíbia.
Mas no Sul o Serra nada de costas em rio de jacaré. E aí, ministra?
“Como não é possível eu lhe achá que aqui, no lugar que eu tenho certeza que eu tenho minha raiz, porque aqui é minha segunda pátria. A troco de que, eu que fiz pelo Rio Grande do Sul, que trabalhei como secretária da Fazenda ou secretária de Minas e Energia, se eu trabalhá, se eu for explicá pras pessoas, eu não vou ter aceitação delas?”
Sim, a troco de que, ministra? A troco de que sua segunda pátria ─ a primeira é Minas ou o Brasil? ─ votará em peso no Serra?
Sempre que ouvimos Dilma, a resposta vem cristalina. E sem troco.
Depois de sorrir ao lado do túmulo de Tancredo Neves, arrumar confusão com Hélio Costa em Belo Horizonte, rebaixar todos os exilados a poltrões e colocar em pé de guerra a família Gomes no Ceará, Dilma Rousseff baixou no Rio Grande do Sul decidida a ficar um pouco pior no retrato. Foi capturada por Celso Arnaldo no trecho do Discurso sobre o Nada que provoca os gaúchos com a tese de que Dilma Rousseff reencarnou nos pampas. Confira:
Justiça seja feita: Dilma, que se diz mineira de nascimento e gaúcha por (de)formação, não privilegia Minas ou Rio Grande do Sul ─ sua segunda pátria, como se verá adiante - na hora de falar bobagem. O estado de permanente ignorância de Dilma, que é seu verdadeiro estado, foi dividido irmanamente esta semana entre as duas “unidades da Federação”, como ela gosta de dizer em seus discursos.
Depois de pisotear o túmulo de Tancredo em São João del-Rey, Dilma esteve ontem em Porto Alegre, para fazer “palestra” na Fiergs, acompanhar a filha num exame de ultrassom e dar várias entrevistas à mídia gaúcha.
Esta foi ao site do jornal Zero Hora. Logo na primeira pergunta do vídeo ─ sobre a relação de Dilma com Lula ─ as jovens repórteres Rosane de Oliveira e Dione Kuhn, meio sem querer, obtiveram uma resposta que começa, enfim, a desvendar os bastidores do governo Lula e da sucessão presidencial:
“Nós temos uma longa caminhada juntos, né? A nossa relação é como uma relação que qualquer pessoa tem com uma pessoa que ela priva da intimidade, né? Ele pode falá coisas pra mim porque ele me conhece, ele sabe cumé que eu sou, ele não vai falar coisas desnecessárias pra mim”.
Tipo o que ele fala, candidata?
Dilma dá dois exemplos da sabedoria do mestre shaolin “Nove dedos ao Luar de Garanhuns”:
“Olha, a campanha é uma corrida de longa distância”
“Mas não acredita, uma parte a gente tem de ter o couro duro”.
Enigmático, o mestre. É para não acreditar em quê, exatamente? E o couro duro pra que parte é?
Mas essa pílula do mestre supremo Dilma tirou de letra:
“Ele sabe que eu tenho o couro duro, né? Não participei do governo esse tempo todo com o couro leve, né, que senão desmaiava. A primeira crítica a gente ficava estatelada. Inclusive é bom porque cê acostuma com a critica, a recebê o que tem de recebê, ficá com a orelha em pé.”
Nesses sete anos em que Dilma, de orelha em pé, recebeu o que tinha de receber, incluindo o jeton de 76 mil reais mensais para se sentar uma vez por mês à cabeceira do Conselho de Administração da Petrobras (Petro=Petróleo; Brás=Brasil), foi o couro duro que comeu? Ou foi o leve?
O assunto seguinte foram as recentes pesquisas de opinião ─ sobretudo a do Instituto Sensus ─ que igualam Dilma a Serra em nível nacional:
“Tanto pu bem quanto pu mal, pesquisa retrata o momento. Num pode, cê num pode olhá uma pesquisa e falá: bom, fechou a boca do jacaré, empatou e tá tudo muito bem. Num é possível uma coisa dessas”.
O “fechou a boca do jacaré” é acompanhada por um delicado gesto de mordida, com as pontas do polegar e do indicador. Bem que as pessoas acharam essa pesquisa do Sensus meio ambígua, meio anfíbia.
Mas no Sul o Serra nada de costas em rio de jacaré. E aí, ministra?
“Como não é possível eu lhe achá que aqui, no lugar que eu tenho certeza que eu tenho minha raiz, porque aqui é minha segunda pátria. A troco de que, eu que fiz pelo Rio Grande do Sul, que trabalhei como secretária da Fazenda ou secretária de Minas e Energia, se eu trabalhá, se eu for explicá pras pessoas, eu não vou ter aceitação delas?”
Sim, a troco de que, ministra? A troco de que sua segunda pátria ─ a primeira é Minas ou o Brasil? ─ votará em peso no Serra?
Sempre que ouvimos Dilma, a resposta vem cristalina. E sem troco.
Datafolha aponta: sem Ciro, Serra pode vencer no primeiro turno.
Da Folha de São Paulo:
Segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 15 e 16, José Serra (PSDB) registrou 38% das intenções de voto contra 28% de Dilma Rousseff (PT).No final de março, Serra tinha 36% e Dilma marcava 27% no Datafolha. A vantagem do tucano era de nove pontos. Agora, é de dez pontos. Do ponto de vista estatístico, o quadro não sofreu alteração -a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.Nesse mesmo cenário, Marina Silva (PV) teve 10% das intenções de voto. É seguida por Ciro Gomes (PSB), com 9%. Em março, Marina tinha 8%. Ciro estava com 11%.
Essas oscilações estão também dentro da margem de erro.Segundo o Datafolha, 7% dos entrevistados respondem que votarão em branco, nulo ou em nenhum. Outros 8% dizem ainda estar indecisos.Quando Ciro Gomes é retirado do quadro de candidatos -há ainda dúvidas se o PSB vai lançá-lo oficialmente-, a diferença entre Serra e Dilma alarga-se um pouco. O tucano fica com 42% contra 30% da petista -uma distância de 12 pontos.
Ou seja, Serra "herda" quatro pontos de Ciro. Já Dilma fica com dois pontos a mais sem o candidato do PSB no páreo. Marina Silva vai a 12% (ganho de dois pontos). Nesse cenário, há 8% de indecisos e também 8% dizendo votar em branco, nulo ou em nenhum.O Datafolha realizou esta pesquisa agora porque também havia feito um levantamento em 24 e 25 de fevereiro, cinco dias após o lançamento oficial da candidatura da petista Dilma Rousseff.
Agora, a coleta dos dados se dá também cinco dias após a festa do PSDB para José Serra se lançar na disputa.Numa simulação de segundo turno, Serra tem 50% e Dilma fica com 40%. Ao questionar os eleitores sem mostrar os nomes dos candidatos, o Datafolha registrou agora um empate: Dilma tem 13% e Serra aparece com 12%. No mês passado, a petista tinha 12% e o tucano estava com 8%. Os dois concorrentes apresentam curvas ascendentes.Pela segunda vez o Datafolha testou os candidatos de partidos pequenos. Apenas no cenário em que não aparece Ciro, dois nanicos pontuam 1% cada: Mário de Oliveira (PT do B) e Zé Maria (PSTU). Nessa hipótese, Serra tem 40%, Dilma fica com 29% e Marina registra 11%.
Segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 15 e 16, José Serra (PSDB) registrou 38% das intenções de voto contra 28% de Dilma Rousseff (PT).No final de março, Serra tinha 36% e Dilma marcava 27% no Datafolha. A vantagem do tucano era de nove pontos. Agora, é de dez pontos. Do ponto de vista estatístico, o quadro não sofreu alteração -a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.Nesse mesmo cenário, Marina Silva (PV) teve 10% das intenções de voto. É seguida por Ciro Gomes (PSB), com 9%. Em março, Marina tinha 8%. Ciro estava com 11%.
Essas oscilações estão também dentro da margem de erro.Segundo o Datafolha, 7% dos entrevistados respondem que votarão em branco, nulo ou em nenhum. Outros 8% dizem ainda estar indecisos.Quando Ciro Gomes é retirado do quadro de candidatos -há ainda dúvidas se o PSB vai lançá-lo oficialmente-, a diferença entre Serra e Dilma alarga-se um pouco. O tucano fica com 42% contra 30% da petista -uma distância de 12 pontos.
Ou seja, Serra "herda" quatro pontos de Ciro. Já Dilma fica com dois pontos a mais sem o candidato do PSB no páreo. Marina Silva vai a 12% (ganho de dois pontos). Nesse cenário, há 8% de indecisos e também 8% dizendo votar em branco, nulo ou em nenhum.O Datafolha realizou esta pesquisa agora porque também havia feito um levantamento em 24 e 25 de fevereiro, cinco dias após o lançamento oficial da candidatura da petista Dilma Rousseff.
Agora, a coleta dos dados se dá também cinco dias após a festa do PSDB para José Serra se lançar na disputa.Numa simulação de segundo turno, Serra tem 50% e Dilma fica com 40%. Ao questionar os eleitores sem mostrar os nomes dos candidatos, o Datafolha registrou agora um empate: Dilma tem 13% e Serra aparece com 12%. No mês passado, a petista tinha 12% e o tucano estava com 8%. Os dois concorrentes apresentam curvas ascendentes.Pela segunda vez o Datafolha testou os candidatos de partidos pequenos. Apenas no cenário em que não aparece Ciro, dois nanicos pontuam 1% cada: Mário de Oliveira (PT do B) e Zé Maria (PSTU). Nessa hipótese, Serra tem 40%, Dilma fica com 29% e Marina registra 11%.
Datafolha: Serra abre 10 pontos de vantagem
O pré-candidato do PSDB à Presidência José Serra amplia para dez pontos a sua vantagem sobre Dilma Rousseff, do PT, aponta uma pesquisa do instituto Datafolha que será publicada neste fim de semana.No último levantamento realizado pelo mesmo instituto, divulgado no dia 27 de março, a vantagem de Serra era de nove pontos - em fevereiro, o ex-governador de São Paulo tinha apenas quatro pontos de vantagem sobre Dilma, a segunda colocada nas pesquisas.
Da Veja On Line
Cartões corporativos: governo gasta R$ 122,2 mil por dia
Entre janeiro e março deste ano, o governo federal já torrou cerca de R$ 11 milhões com cartões corporativos. E o pior é que o contribuinte não pode saber como foram gastos, em média, esses R$ 122,2 mil por dia, incluindo feriados e fins de semana. É que decreto do presidente Lula classificou esses gastos como “secretos”. Incluindo os R$ 3,67 milhões dos cartões corporativos da própria Presidência da República
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sexta-feira, 16 de abril de 2010
Nosso temor tem fundamento: comitê aponta falhas em urnas eletrônicas
O Comitê Multidisciplinar Independente sobre o Sistema Brasileiro de Votação Eletrônica apresentou à Universidade de Brasília (UnB) um relatório que aponta falhas no programa de urnas eletrônicas adotado no Brasil. O comitê afirma que é impossível auditar, de maneira isenta, o resultado da apuração dos votos nas urnas eletrônicas. Segundo o documento, caso ocorra uma infiltração criminosa a fraudar as eleições, a fiscalização externa, como é permitida, “será incapaz de detectá-la”. O grupo recomenda que os resultados eleitorais passem por uma auditoria realizada por indivíduos independentes. O trabalho foi entregue ao vice-reitor da UnB, João Batista de Sousa
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Toda a bancada estadual do PMDB votará em Serra no RS.
Do blog do Políbio Braga
O editor foi atrás dos deputados que integram a bancada do PMDB na Assembléia Legislativa do RS para saber com quem está cada um no caso da sucessão presidencial e recolheu as seguintes posições:
Serra – Alceu Moreira, Gilberto Capoani, Alberto Oliveira, Alexandre Postal, Nelson Harter, Luiz Fernando Zacchia, Márcio Biolchi, Marco Alba e Edson Brum.
Dilma – Zero adesão.
. No PMDB do RS, de cada 10 dirigentes e eleitores, nove ficarão com Serra.
. O ex-prefeito José Fogaça, apesar disto, tentará equilibrar-se entre a necessidade real politica de ficar com Dilma e o bom senso eleitoral de ficar com Serra.
O editor foi atrás dos deputados que integram a bancada do PMDB na Assembléia Legislativa do RS para saber com quem está cada um no caso da sucessão presidencial e recolheu as seguintes posições:
Serra – Alceu Moreira, Gilberto Capoani, Alberto Oliveira, Alexandre Postal, Nelson Harter, Luiz Fernando Zacchia, Márcio Biolchi, Marco Alba e Edson Brum.
Dilma – Zero adesão.
. No PMDB do RS, de cada 10 dirigentes e eleitores, nove ficarão com Serra.
. O ex-prefeito José Fogaça, apesar disto, tentará equilibrar-se entre a necessidade real politica de ficar com Dilma e o bom senso eleitoral de ficar com Serra.
Pesquisa em Brasília: Serra, 30,2%; Dilma, 24,3%; Marina, 13%; Ciro, 12,4%
Pesquisa realizada de 10 a 13 de abril pela consultoria O & P Brasil Opinião, Análise e Estratégia, em Brasília.
Presidente (em qual candidato votará o eleitor do DF);
José Serra (PSDB): 30,2%
Dilma Rousseff (PT): 24,3%
Marina Silva (PV): 13%
Ciro Gomes (PSB): 12,4%
Brancos, nulos, não sabe ou não respondeu: 20,1%
* Informe do blog do Fernando Rodrigues
Presidente (em qual candidato votará o eleitor do DF);
José Serra (PSDB): 30,2%
Dilma Rousseff (PT): 24,3%
Marina Silva (PV): 13%
Ciro Gomes (PSB): 12,4%
Brancos, nulos, não sabe ou não respondeu: 20,1%
* Informe do blog do Fernando Rodrigues
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Desconstruindo Dilma 7
Flores no túmulo de Tancredo
Para onde pender Minas Gerais, se inclinará o Brasil, imaginam os estrategistas de José Serra e Dilma Rousseff. A candidata do PT inaugurou sua campanha solo com um périplo mineiro e - entre tantos lugares! - enveredou pelo caminho de São João Del Rei, até o túmulo de Tancredo Neves, no qual depositou flores. O gesto recende a oportunismo eleitoreiro paroxístico, e também é isso. Mas não é só isso: Dilma está fazendo uma declaração sobre a História - ou melhor, uma declaração contra a História.
Lula e o PT acercaram-se de Delfim Netto, celebraram com Jader Barbalho, aliaram-se a José Sarney, trocaram figurinhas com Paulo Maluf, assopraram as cicatrizes de Fernando Collor. O que é um Tancredo perto disso? Uma diferença, entre tantas, está na circunstância de que a figura homenageada deixou o mundo dos vivos para ingressar no firmamento dos símbolos. Tancredo é uma representação: o ícone da transição pactuada que deu origem à Nova República. O PT vilipendiou aquela transição e decidiu não fazer parte da ordem que nascia. Primeiro, expulsou seus três deputados que votaram por Tancredo no Colégio Eleitoral. Depois se recusou a homologar a Constituição de 1988. O que fazia Dilma no berço simbólico de tudo o que o PT queimou na maior encruzilhada de nossa história recente?
A coerência absoluta é privilégio das seitas políticas, responsáveis apenas perante seus próprios dogmas. Todos os partidos de verdade, aqui e alhures, experimentam ambivalências ao olhar para trás, na direção de seu passado. Mas o lulopetismo encontra-se numa categoria separada. A narrativa histórica implícita na peregrinação ao túmulo de Tancredo se situa em algum ponto entre a esquizofrenia e o distúrbio bipolar. E, no entanto, há método na loucura.
O PT surgiu como leito de confluência de muitas águas e diferentes histórias. Na média, identificava-se como um partido de ruptura, socialista mas avesso ao "socialismo real". Depois, à medida que se aproximava do poder, converteu-se num partido da ordem. A conversão, contudo, jamais assumiu as formas de uma releitura honesta de seu passado e de uma crítica política de suas ideias originais. A antiga corrente liderada por José Genoino bem que tentou, mas o PT não seguiu a dura trilha de aggiornamento pela qual, ao longo de meio século, os partidos marxistas da Segunda Internacional se transformaram na atual social-democracia europeia. Na hora do triunfo de Lula, a distância incomensurável entre palavras e atos teve de ser vencida pelo recurso a um salto fraudulento: a Carta ao Povo Brasileiro, produzida por ex-trotskistas e assinada pelo candidato como negação do programa partidário. Não é trivial encarar o passado quando se joga esconde-esconde com a política.
Lula pilotou a política econômica com o software elaborado por FHC e foi buscar no ninho tucano o operador dos manetes do Banco Central. Dilma jura que rezará as três orações do livro da ortodoxia: câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário. Paralelamente, as resoluções do Congresso do PT de 2007 lamentam a queda do Muro de Berlim e reiteram tanto as "convicções anticapitalistas" quanto o compromisso com a "luta pelo socialismo". No partido, desde as crises da cueca e do caseiro, ninguém mais ousa sugerir um aggiornamento - uma carência que se traduz pelo agravamento dos sintomas de esquizofrenia. A dicotomia se desenvolve como uma bifurcação de negações complementares: a prática de governo lulopetista não pode encontrar expressão na plataforma partidária e as palavras escritas pelo partido não podem encontrar correspondência nos programas de governo.
Já existem duas versões da História do Brasil, tal como narrada por Lula. A original, apoiada na chave da ruptura, diz que a Nação alcançou a independência com a inauguração de sua presidência, após a longa noite de "500 anos" na qual "a elite governou este país". A segunda, apoiada na chave da continuidade, diz que Lula restaurou uma estrada de emancipação projetada por Getúlio Vargas ("o presidente que tirou toda a Nação de um estágio de semiescravidão"), implantada por Juscelino Kubitschek ("quem conscientizou o País de que o desenvolvimento nacional é uma prerrogativa intransferível de um povo") e pavimentada por Ernesto Geisel ("o presidente que comandou o último grande período desenvolvimentista do País"). As duas versões lulistas são contraditórias entre si, mas convivem na harmonia perfeita do distúrbio bipolar.
No inverno de 1077, o imperador excomungado Henrique IV viajou ao castelo papal de Canossa e aguardou à porta, sob a neve, por três dias e três noites, até receber o perdão de Gregório VII. A peregrinação de Dilma à Canossa tropical do lulopetismo equivale à adição de um novo capítulo na versão continuísta da História do Brasil. O que o capítulo adventício acrescenta ao conjunto, em termos de sentido?
Há uma invariante nas narrativas lulopetistas sobre o passado, que é o conto de uma queda. Nas duas versões, a presidência de FHC representa uma catástrofe existencial: a venda do templo e a conspurcação dos lugares santos. Para todos os efeitos, FHC desempenha o papel de chefe supremo dos "exterminadores do futuro", na frase fresca de uma Dilma que acabara de se ajoelhar diante do túmulo de Tancredo. O capítulo novo, escrito em São João Del Rei, estende a narrativa da continuidade e demarca o lugar exato do abismo.
A escalada nacional rumo à montanha da glória começa em Vargas e prossegue com Juscelino, Geisel e Tancredo, até se desviar com FHC, projetando a Nação nas profundezas do vale da desolação. Sob a liderança de Lula, a montanha foi afinal conquistada. O despenhadeiro, porém, continua à vista e uma melodia encantatória ameaça reconduzir-nos, de olhos vendados, para a perdição. Dilma depreda a história - a nossa, a dela, a do PT. Mas há método na loucura.
É Sociólogo e Doutor em Geografia Humana (USP). E-MAIL:
Para onde pender Minas Gerais, se inclinará o Brasil, imaginam os estrategistas de José Serra e Dilma Rousseff. A candidata do PT inaugurou sua campanha solo com um périplo mineiro e - entre tantos lugares! - enveredou pelo caminho de São João Del Rei, até o túmulo de Tancredo Neves, no qual depositou flores. O gesto recende a oportunismo eleitoreiro paroxístico, e também é isso. Mas não é só isso: Dilma está fazendo uma declaração sobre a História - ou melhor, uma declaração contra a História.
Lula e o PT acercaram-se de Delfim Netto, celebraram com Jader Barbalho, aliaram-se a José Sarney, trocaram figurinhas com Paulo Maluf, assopraram as cicatrizes de Fernando Collor. O que é um Tancredo perto disso? Uma diferença, entre tantas, está na circunstância de que a figura homenageada deixou o mundo dos vivos para ingressar no firmamento dos símbolos. Tancredo é uma representação: o ícone da transição pactuada que deu origem à Nova República. O PT vilipendiou aquela transição e decidiu não fazer parte da ordem que nascia. Primeiro, expulsou seus três deputados que votaram por Tancredo no Colégio Eleitoral. Depois se recusou a homologar a Constituição de 1988. O que fazia Dilma no berço simbólico de tudo o que o PT queimou na maior encruzilhada de nossa história recente?
A coerência absoluta é privilégio das seitas políticas, responsáveis apenas perante seus próprios dogmas. Todos os partidos de verdade, aqui e alhures, experimentam ambivalências ao olhar para trás, na direção de seu passado. Mas o lulopetismo encontra-se numa categoria separada. A narrativa histórica implícita na peregrinação ao túmulo de Tancredo se situa em algum ponto entre a esquizofrenia e o distúrbio bipolar. E, no entanto, há método na loucura.
O PT surgiu como leito de confluência de muitas águas e diferentes histórias. Na média, identificava-se como um partido de ruptura, socialista mas avesso ao "socialismo real". Depois, à medida que se aproximava do poder, converteu-se num partido da ordem. A conversão, contudo, jamais assumiu as formas de uma releitura honesta de seu passado e de uma crítica política de suas ideias originais. A antiga corrente liderada por José Genoino bem que tentou, mas o PT não seguiu a dura trilha de aggiornamento pela qual, ao longo de meio século, os partidos marxistas da Segunda Internacional se transformaram na atual social-democracia europeia. Na hora do triunfo de Lula, a distância incomensurável entre palavras e atos teve de ser vencida pelo recurso a um salto fraudulento: a Carta ao Povo Brasileiro, produzida por ex-trotskistas e assinada pelo candidato como negação do programa partidário. Não é trivial encarar o passado quando se joga esconde-esconde com a política.
Lula pilotou a política econômica com o software elaborado por FHC e foi buscar no ninho tucano o operador dos manetes do Banco Central. Dilma jura que rezará as três orações do livro da ortodoxia: câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário. Paralelamente, as resoluções do Congresso do PT de 2007 lamentam a queda do Muro de Berlim e reiteram tanto as "convicções anticapitalistas" quanto o compromisso com a "luta pelo socialismo". No partido, desde as crises da cueca e do caseiro, ninguém mais ousa sugerir um aggiornamento - uma carência que se traduz pelo agravamento dos sintomas de esquizofrenia. A dicotomia se desenvolve como uma bifurcação de negações complementares: a prática de governo lulopetista não pode encontrar expressão na plataforma partidária e as palavras escritas pelo partido não podem encontrar correspondência nos programas de governo.
Já existem duas versões da História do Brasil, tal como narrada por Lula. A original, apoiada na chave da ruptura, diz que a Nação alcançou a independência com a inauguração de sua presidência, após a longa noite de "500 anos" na qual "a elite governou este país". A segunda, apoiada na chave da continuidade, diz que Lula restaurou uma estrada de emancipação projetada por Getúlio Vargas ("o presidente que tirou toda a Nação de um estágio de semiescravidão"), implantada por Juscelino Kubitschek ("quem conscientizou o País de que o desenvolvimento nacional é uma prerrogativa intransferível de um povo") e pavimentada por Ernesto Geisel ("o presidente que comandou o último grande período desenvolvimentista do País"). As duas versões lulistas são contraditórias entre si, mas convivem na harmonia perfeita do distúrbio bipolar.
No inverno de 1077, o imperador excomungado Henrique IV viajou ao castelo papal de Canossa e aguardou à porta, sob a neve, por três dias e três noites, até receber o perdão de Gregório VII. A peregrinação de Dilma à Canossa tropical do lulopetismo equivale à adição de um novo capítulo na versão continuísta da História do Brasil. O que o capítulo adventício acrescenta ao conjunto, em termos de sentido?
Há uma invariante nas narrativas lulopetistas sobre o passado, que é o conto de uma queda. Nas duas versões, a presidência de FHC representa uma catástrofe existencial: a venda do templo e a conspurcação dos lugares santos. Para todos os efeitos, FHC desempenha o papel de chefe supremo dos "exterminadores do futuro", na frase fresca de uma Dilma que acabara de se ajoelhar diante do túmulo de Tancredo. O capítulo novo, escrito em São João Del Rei, estende a narrativa da continuidade e demarca o lugar exato do abismo.
A escalada nacional rumo à montanha da glória começa em Vargas e prossegue com Juscelino, Geisel e Tancredo, até se desviar com FHC, projetando a Nação nas profundezas do vale da desolação. Sob a liderança de Lula, a montanha foi afinal conquistada. O despenhadeiro, porém, continua à vista e uma melodia encantatória ameaça reconduzir-nos, de olhos vendados, para a perdição. Dilma depreda a história - a nossa, a dela, a do PT. Mas há método na loucura.
É Sociólogo e Doutor em Geografia Humana (USP). E-MAIL:
Desconstruindo Dilma 6
Do blog do Ucho, capturado por um comentarista do Coturno:
Dilma não acreditava em Deus, mas a eleição mudou a opinião da candidata
Duas caras -
Candidata do PT à sucessão do presidente-metalúrgico Lula da Silva, seu paraninfo político, Dilma Rousseff continua pregando sustos e causando preocupações no staff de campanha. Depois de iniciar a campanha rumo ao Palácio do Planalto de maneira atabalhoada, especialmente por causa de incursões descabidas, Dilma tropeça no antagonismo de suas declarações.
Em recente sabatina realizada pelo jornal “Folha de S. Paulo”, a candidata petista disse duvidar da existência de Deus. “Eu me equilibro nessa questão. Será que há? Será que não há? Eu me equilibro nela”, declarou Dilma.
Na quarta-feira (14), a mesma Dilma Rousseff jogou por terra a declaração anterior. Em entrevista, a ex-ministra da Casa Civil se posicionou como uma católica de fé. “Eu fui criada no catolicismo, acredito numa força superior. Estudei em um colégio de freira. Sou católica”, declarou a petista.
Futebol, política e religião são assuntos que não se deve discutir, mas esse bamboleio de Dilma Rousseff no campo da fé é um pouco temeroso. Principalmente em um país eminentemente católico onde a fé move a sociedade.
Dilma não acreditava em Deus, mas a eleição mudou a opinião da candidata
Duas caras -
Candidata do PT à sucessão do presidente-metalúrgico Lula da Silva, seu paraninfo político, Dilma Rousseff continua pregando sustos e causando preocupações no staff de campanha. Depois de iniciar a campanha rumo ao Palácio do Planalto de maneira atabalhoada, especialmente por causa de incursões descabidas, Dilma tropeça no antagonismo de suas declarações.
Em recente sabatina realizada pelo jornal “Folha de S. Paulo”, a candidata petista disse duvidar da existência de Deus. “Eu me equilibro nessa questão. Será que há? Será que não há? Eu me equilibro nela”, declarou Dilma.
Na quarta-feira (14), a mesma Dilma Rousseff jogou por terra a declaração anterior. Em entrevista, a ex-ministra da Casa Civil se posicionou como uma católica de fé. “Eu fui criada no catolicismo, acredito numa força superior. Estudei em um colégio de freira. Sou católica”, declarou a petista.
Futebol, política e religião são assuntos que não se deve discutir, mas esse bamboleio de Dilma Rousseff no campo da fé é um pouco temeroso. Principalmente em um país eminentemente católico onde a fé move a sociedade.
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