Do blog do Augusto Nunes
Raríssimas vezes o eleitorado brasileiro aguardou com tamanha ansiedade a temporada dos debates eleitorais entre os candidatos à presidência da República. Enquanto não começam os duelos transmitidos pela televisão, a coluna vai publicar amostras suficientemente reveladoras para imaginar-se o que vem por aí. O primeiro round revela o que pensam sobre três temas o ex-governador José Serra e a ex-ministra Dilma Rousseff. As respostas foram transcritas sem retoques nem correções de entrevistas e declarações publicadas pela imprensa.
POR QUE SER CANDIDATO À PRESIDÊNCIA
José Serra: Evidentemente, ser ou não presidente não é uma escolha sua, não depende apenas de uma decisão. Mas, desde a primeira adolescência, sempre tive vontade de me envolver na vida pública. Uma coisa que aprendi ao longo das minhas experiências foi descentralizar: formar boas equipes, permitir que os diferentes integrantes tenham liberdade para trabalhar na formação das suas próprias subequipes e também evitar antagonismos. Eu me preparei a vida inteira para ser presidente.
Dilma Rousseff: Por que que eu fui? Eu acho que porque, pelos mesmos motivos que levaram o presidente a me escolher como ministra-chefe da Casa Civil. Porque a ministra-chefe da Casa Civil é o cargo, do ponto de vista político-administrativo, mais importante do governo. Eu acho que esse contato diário que eu tive com o presidente, e que levou que nós estreitássemos… pessoas que trabalham muito tempo perto passam a se entender pelo olhar, né, você tem uma comunicação muito forte. Acho que o presidente confia em mim para que o nosso projeto de país seja um projeto bem sucedido, e essa confiança do presidente em mim faz com que esse desafio que eu tenho pela frente… eu vou honrá-lo, eu vou defender esse projeto, vou garantir que ele avance e isso que eu chamo de uma nova era que nós abrimos no governo Lula, eu vou garantir a continuidade.
O BRASIL EM 2010
Serra: Eu acho que o Brasil avançou muito nos últimos 25 anos. Nós afirmamos uma democracia de massas, com uma Constituição que pode ter os seus problemas, mas que enfatizou como nunca as liberdades civis e políticas. Conseguimos acabar com a superinflação, avançar no combate à pobreza, consolidar o SUS, a inclusão educacional e até retomar o crescimento econômico. Não foi um desempenho brilhante se você o comparar com o da Índia ou o da China, mas foi um desempenho razoável em relação ao dos países desenvolvidos. Agora, isso significa que as coisas estão resolvidas? Não. No que se refere ao crescimento, nós precisamos de infraestrutura. As carências nessa área são dramáticas e representam um gargalo para o nosso desenvolvimento. A essência do meu governo, como orientação para o Brasil, precisa ser a de oferecer uma maior abertura de oportunidades para a população. O povo brasileiro quer é ter oportunidade na vida: estudo, boa saúde, emprego para os jovens, acesso a bens culturais e de lazer. O que o povo brasileiro quer não é muito, é oportunidade.
Dilma: Sabe o que vai ser, vai ser o seguinte, vai ser um governo Lula avançado. Que é um governo Lula avançado? Quando nós começamos, nós começamos do nada. Não tinha projeto, o Brasil não tinha, há anos e anos que não planejava, e havia toda uma demanda também, seria muito grave uma situação do Brasil hoje se nós não tivéssemos feito os programas sociais que nós fizemos, muito grave, porque você teria uma parte muito importante da nossa população sem nenhuma perspectiva, sem futuro. Hoje, não, nós temos clareza de que a população brasileira, os mais pobres desse país têm expectativa de futuro e podem tê-la porque nós vamos cumprir essa expectativa, nós demos um início a isso. Nós trocamos o pneu do carro com ele andando. Eu não vou precisar de trocar o pneu do carro com ele andando. Se eu elencar uma porção de “se” para você, poderia ser feito mais no governo Lula: “se” a gente tivesse encontrado um projeto, nós não encontramos; “se” o Brasil tivesse uma experiência de crescimento, não tinha; Então, tem uma quantidade de “se” que não vale a pena a gente tratar.
PRESOS POLÍTICOS
Serra: Para mim, direitos humanos não são negociáveis. Não cultivemos ilusões: democracias não têm gente encarcerada ou condenada à forca por pensar diferente de quem está no governo. Democracias não têm operários morrendo por greve de fome quando discordam do regime.
Dilma: Compartilho da posição do presidente Lula não só sobre Cuba, mas sobre toda a política externa. Vocês não vão conseguir me tirar aqui uma crítica ao presidente Lula. Nem que a vaca tussa.
É isso. Vem muito mais por aí, mas a pergunta está posta desde já: qual dos dois o Brasil merece? Você decide.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
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Querido amigo,
ResponderExcluirEstava eu por aqui, vagueando na madrugada, e me vi atraído por este blog, somos leitores do Corona, e é um enorme prazer lhe conhecer.
abs