por João Bosco Rabello, no estado on line
A decisão da campanha de Dilma Rousseff de assumir o compromisso com a liberdade de imprensa num contexto de “democracia irrestrita” torna os dois princípios constitucionais uma concessão, não um direito irrevogável.
Na verdade, a candidata trabalha com a idéia de uma carta-compromisso, nos moldes da que Lula fez em 2002, agora de conteúdo político e não econômico como aquela.
É novamente a candidatura do PT revogando as teses históricas do partido para convencer o eleitor de que não pensa como a base que a sustenta e nem aplicará suas teses se eventualmente eleita.
É essa contradição característica do PT que responde, em parte, pela permanência do aborto na pauta da campanha. O tema, em si, ficou menos importante do que a dubiedade da candidata que já o defendeu e condenou, conforme a circunstância.
O que trouxe à tona a questão foi o Plano Nacional dos Direitos Humanos (PNDH -3), cuja versão assinada por Dilma, ainda ministra, e confirmada por Lula, provocou um manifesto da CNBB divulgado no dia 28 de janeiro deste ano.
Foi o PT, portanto, que provocou o assunto com o mencionado plano, rejeitado pelo governo após a repercussão negativa que teve. A Igreja reagiu e o PSDB capitalizou politicamente a dubiedade da candidata.
Atribuir esse revés a uma “baixaria” produzida no “submundo” do PSDB é apenas uma estratégia, que não mostrou, até aqui, resultados. O PT enfrenta as suas contradições a cada eleição, o que lhe impõe a necessidade de cartas-compromisso jurando não praticar aquilo que prega.
Funcionou com Lula, como garantia de preservar o modelo econômico de seu antecessor, Fernando Henrique, o que valeu ao governo do PT o maior de todos os benefícios políticos – o da popularidade.
Mas, assim como o recurso recorrente de acusar os tucanos de privatizar o País, nada indica que a carta-compromisso de Dilma repetirá o êxito de Lula. Uma falava de economia, outra falará da vida. Uma era assinada por Lula, candidato com biografia política; a segunda, por uma candidata que é a antítese disso.
No dia 16 de maio deste ano, em artigo publicado na edição dominical do Estadão, sinalizei para o fim da aliança entre PT e Igreja, sob o título “O fim de uma parceria histórica”.
Nele comentei que a eliminação do inimigo comum – a ditadura militar – trazia à tona as diferenças inconciliáveis entre marxismo e cristianismo, materializadas em alguns temas presentes na campanha – além do aborto, o casamento gay e a conseqüente adoção de crianças por esses casais, entre outras.
O que se presencia no momento eleitoral é exatamente a conseqüência disso: o PT, com seu PNDH 3 elegeu a religião como adversária. O resto a Internet se incumbiu de fazer, divulgando vídeos que expõem essas contradições já mencionadas do PT, Lula e sua candidata Dilma Rousseff.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
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