quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Um entrevista bastante lúcida do Aécio. Vamos dar nosso voto de confiança ao mineiro.

Serra precisa mudar no segundo turno, diz Aécio

Na Folha online

"Vou colocar um blaser", diz Aécio Neves, 50, antes de falar ao UOL e à Folha ontem em seu apartamento em Belo Horizonte. De calça jeans, ele transmite tranquilidade. Está com 67% de intenção de votos para o Senado. Seu candidato ao governo de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), lidera as pesquisas.

Animado com o Datafolha indicando possibilidade de haver segundo turno na disputa presidencial, ele sentencia sobre o que fazer após 3 de outubro na campanha de José Serra: "Teremos de dar um freio de arrumação".

Como assim? Para Aécio, é preciso usar mais líderes regionais na campanha --como o paulista Geraldo Alckmin e o mineiro Anastasia.

Num segundo turno entre Serra e Dilma Rousseff (PT), Aécio julga essencial atrair o apoio de Marina Silva: "Não é apenas o apoio formal da candidata. É o PSDB se aproximar e incorporar algumas propostas do PV". Leia trechos da entrevista, cujo vídeo pode ser visto no UOL.

Folha - PSDB errou ao não fazer prévia para escolher o candidato a presidente?

Aécio Neves - Gostaria que tivesse havido. Mas como não houve, seria incorreto voltar ao assunto agora. Hoje sou parceiro do Serra. A diferença é abissal entre a história e a qualidade do Serra e a da Dilma, sem demérito para ela. Mas as histórias são muito distintas. Serra é um líder, suas ideias são conhecidas. Dilma ainda é só o reflexo de um líder.

Fernando Henrique Cardoso disse que a eleição já estaria decidida a favor de Dilma. Por que ele fez essa afirmação?

Ele me disse que o sentido foi outro. Fernando Henrique é um líder importantíssimo do partido e eu faço "mea culpa". Acho que deveríamos ter sido mais afirmativos na defesa do governo dele.

O que o PSDB deve fazer se Serra for ao 2º turno?

Nós teremos de dar um freio de arrumação. O fato de nós, lideranças políticas regionais, estarmos com nossas situações solucionadas, espero que para o bem, nos permitirá um tempo maior e uma participação maior, inclusive nas decisões políticas da campanha. Cito dois Estados. Uma vitória em São Paulo com o Geraldo [Alckmin] e uma vitória aqui em Minas com o Anastasia. São os dois principais colégios eleitorais e têm efeito prático no segundo turno. Além de desmobilizar as oposições regionais, há uma vinculação natural dos prefeitos e dos líderes políticos em torno do governador eleito. Esses governadores terão um poder político eleitoral maior. Isso pode ser uma alavanca vigorosa para o Serra no segundo turno.

O que sr. chama de freio de arrumação?

Uma politização maior da campanha. Um diálogo mais permanente da campanha. Eu não culpo o Serra por isso. A campanha tem sua dinâmica. O Serra está se desdobrando. Quem acompanha o Serra tem de reconhecer o esforço pessoal que ele está fazendo. Com a cara boa, por mais que alguns achem que isso seja difícil, mas com a cara boa onde ele vai. Estivemos agora em Diamantina, num evento espetacular. Ele está muito à vontade. Passa um disposição enorme. Mas tem faltado tempo para que a gente discuta mais politicamente. Porque determinado discurso no Sul não é o mesmo que cola no Nordeste.

Quais seriam os discursos?

É preciso que nós regionalizemos um pouco o discurso. Não dá para ter o mesmo discurso, a mesma construção política de comunicação para um Brasil tão diferente com este. A primeira iniciativa seria uma conversa com as principais lideranças que nós temos no Nordeste. Por onde ir? Como enfrentar essa questão do Bolsa Família?

Se houver segundo turno entre Dilma e Serra, o sr. acha possível atrair Marina Silva?

Ela tem sido muito crítica a Serra. Ela também tem sido crítica em relação a Dilma. Mas não é apenas o apoio formal da candidata. É o PSDB se aproximar e incorporar algumas propostas do PV. Isso não será difícil até em função das alianças regionais. Aqui em Minas PSDB e PV governaram juntos oito anos. Mas vamos respeitar a Marina, que ainda está postulando.

Por que o PSDB nunca se organizou de forma profissional como PT?

Esse é um grande desafio. O PSDB pode ser um partido mais nacional do que é hoje, renovando o seu discurso. A meta principal da ação política do PSDB era o fim da inflação, que ocorreu. Mas o Brasil e o mundo mudaram. As prioridades deixaram de ser aquelas. O PSDB, ganhando ou não as eleições, tem que renovar-se. Há uma sucessão geracional clara dentro do partido. É preciso que revisitemos o nosso programa e apontemos para o futuro.

A revista "Carta Capital" afirmou que o sr. deseja trocar de partido no ano que vem. O sr. vai mudar de partido?

Disse ao diretor da revista que aquilo era um absurdo. Não me ouviram.

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